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27 de maio de 2009

E a propósito de crianças...

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The Calmady Children, de Sir Thomas Lawrence .
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"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. É um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho, as quecas de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desprezamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!" . João Pereira Coutinho
[Jornalista e comentador político]
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51 comentários:

Menina do Rio disse...

Muito interessante o texto e atualmente verdadeiro. Filhos tem que ser frutos de uma relação não de prazer, mas sim de amor e temos visto outros interesses se interpondo na vida das pessoas, exatamente como diz o texto.

Um beijo, querida

José Lopes disse...

É uma agradável surpresa ler estas palavras especialmente tendo em conta o autor.
Cumps

Amaral disse...

Meg
Não há que ter medo das crianças, nem de pensar que elas são isto ou aquilo. As crianças são o que os adultos querem que sejam. "Educai as crianças para que não seja preciso punir os adultos", dizia Pitágoras.
Abraço

De Amor e de Terra disse...

Olá Meg, bom dia minha Menina...
Obrigada pela visita.
Creio ter conhecido o Autor do texto, há alguns anos atrás, (nessa altura ainda estudante e colaborador dum Semanário da minha terra, onde eu também colaborei.
O nome e o estilo são os mesmos...
e quanto ao que nos diz, isso dá, de verdade, muito que pensar!
Beijos Amiga
da
Maria Mamede

Meg disse...

Menina do Rio,

É como dizes, Verónica! Este texto faz-nos pensar nos muitos erros destes tempos.
Um beijo para ti

Meg disse...

UMA PÁGINA PARA DOIS,

Eduardo, muito obrigada! Lá irei logo que tenha um tempinho.

Um abraço

Meg disse...

Caro Guardião,

Foi esta a primeira vez que trouxe aqui o João Pereira Coutinho.
Gosto muito da maioria dos textos dele, e da sua maneira de, com uma certa ironia desmontar algumas das nossas "incongruências".

Um abraço

Meg disse...

Caro Amaral,

Pois é... acho que neste momento há muitos pais a precisar de punição.
Basta ver o que se passa nas escolas!

Um abraço

Meg disse...

Querida Maria Mamede,

É por essa forma de escrever e por uma certa "recalcitrância" que ele põe nos seus artigos, que sou uma sua fã.

Um beijo

Agulheta disse...

Meg.Um texto bem apelativo ao momento,ainda a pouco assim pensava eu,que m.....,de mundo que só vive para a aparência? se este tem eu tenho de ter,se aquele tem um carro bom,tenho de ter um igual ou melhor,se vai de férias para um país tropical,se pede dinheiro ao banco?? depois as arrelias vem a seguir,a coisa essencial que são as crianças,elas são as vítimas desta sociedade de consumo. Temos de pensar nelas,as crianças que são o futuro de amanhã.
Beijinho de amizade

Susana Falhas disse...

Meg: Gostei da postagem. É tudo verdade o que está lá escrito, mas ter filhos não se resume apenas nisso. Há o outro lado: podemos ter uma vida preenchida e por vezes angustiante por causa da vida escolar dos filhos, mas também há momentos felizes vividos em família, com programas simples como piqueniques, idas à praia, ao campo,... vivências em famílias que acabam por compensar o stress da semana de trabalho...
Educar e ter filhos não é assim tão mau...para nem sequer pensar em te-los. Mas pode ser uma opção para quem não tem paciência de santo...

Bjs Susana

Maria Faia disse...

Belo artigo Amiga,
Na verdade, como diz Dalai Lama, o Homem nasceu para ser feliz e, nas sociedades actiais, a felicidade é substitída pela competição pessoal, polírica e profissional. É como se todos fossem indiferenres ou inimigos de todos. E, o mais grave é que, quando alguém é diferente desse status quo que se insralou, de caminho passa a ser rotulado, desrespeitado verbalmente porque, em bom rigor, se tornou uma ameaça aos competidores do pseudo progresso ou do sucesso.
O melhor mesmo é ignorar e VIVER!
Obrigado amigo pela partiha.

Beijo solidário,
Maria Faia

padeirinha disse...

Mais verdadeiro é impossível.Vive-se num mundo vazio, de exibicionismos não exergando a efemeridade de tudo isto.

Deusa Odoyá disse...

olá minha doce amiga Meg.
Nã conheço o ator do text, mas é muito interessante.
Mas quanto as crianças concordo com nosso amigo Amaral.
beijinho doces, minha amiga.
Regina coeli
Fique na paz.

Dr. Mento disse...

Discordo completamente do texto do João Pereira Coutinho, que, se fosse pai, teria já percebido que as crianças detem o segredo da felicidade. Uma criança, de apenas três anos, já mo ensinou: água, areia e flores.

Quando aprendermos a saborear os pequenos nadas do Mundo e da vida, saberemos ser felizes. Esta é a lição que a tal criança me ensinou e só espero que ela não a esqueça.

Meg disse...

Lisa,

Mas parece que já estamos a pagar a factura dessa fúria consumista.
E a forma como as crianças são criadas - ou exibidas - hoje em dia é claramente motivo para rever alguns comportamentos dos pais.
As crianças são uma espécie de montra do (falso)poder económico dos pais.
É mesmo assim, Lisa!

Um beijo

Um beijo

Meg disse...

Susana,

Pois, mas como tu podes verificar, hoje em dia os casais têm os filhos cada vez mais tarde... primeiro o emprego, depois o carro, depois a casa e depois um filho. E depois, esse filho entra na tal pista de competição de que fala JPC...com ironia, claro!

Bom fim de semana

Um abraço

Meg disse...

Maria Faia,

Hoje em dia o que importa é ter, depois - quando vem - o ser.
E esquecemo-nos de ser felizes.
Mas creio que depois desta crise, muitos valores serão recuperados. As vítimas deste verdadeiro caos consumista, terão de rever os seus valores e dizer não a muitas das solicitações de uma sociedade tão
injusta.

Bom fim de semana.

Um beijo, Maria!

Meg disse...

Padeirinha,

Ainda bem que estás de acordo com o JPC... foi essa a leitura que fiz do texto.

Bom fim de semana,

Um abraço

Meg disse...

DEUSA ODOYÁ

Regina,

Mas ninguém aqui está contra as crianças, o que se critica é a forma como são criadas, não como uma benção mas como "potros de competição", minha Amiga!

Bom fim de semana

Um beijo

Meg disse...

Dr. Mento,

Antes de mais quero agradecer-lhe a visita a este espaço de dar-lhe as boas vindas.

Quanto ao post, claro que as crianças são o que de melhor e mais puro existe nas nossas vidas.
E JPC apenas quis - é a minha leitura - chamar a atenção para o que é a vida da maior parte das crianças nos dias que correm.
Não creio que ele não goste de crianças, de todo, mas põe o dedo numa ferida que existe.
Hoje, ter uma criança, vem depois do carro, da casa, da carreira até. Onde é que entra o amor nisto?
Desculpe não estar de acordo consigo, mas agrada-me muito que tenha sido sincero no seu comentário.
Um bom fim de semana.
Um abraço

mdsol disse...

Meg
Que boa visita. O prazer é meu. Muito obrigada. Hoje faço uma visita rapida, por motivo sóbvios. Voltarei com mais tempo.
Volte sempre ao branquinho. Será um przer recebê-la lá.
:))))

Mar Arável disse...

Quem não tem filhos

planta uma árvore

por amor

Mariazita disse...

Com a irreverência que lhe é peculiar João Pereira Coutinho (de quem gosto muito) faz, neste texto (que eu já conhecia) uma decrição perfeita do que é, em grande parte, a sociedade actual.
Numa coisa (entre outras) eu concordo: hoje em dia, para se ter filhos, deve-se pensar duas vezes!
É urgente que as coisas mudem.

Uma noite feliz, descansada, sobretudo :)

Um beijo
Mariazita

Bípede Implume disse...

É uma análise um bocado ácida mas tem algum fundamento.
Estou de acordo contigo, Meg, que esta crise poderá ter alertado para os tais valores tão esquecidos.
A verdade é que estamos todos a atravessar um mau momento.
Amiga um bom fim de semana e beijinhos.

Carminda Pinho disse...

Concordo com o autor.
O fim da vida é a felicidade, mas são poucos os que a conseguem, digo eu.

Beijos, Meg.

Sonia Schmorantz disse...

Decore sua alma ,
da forma mais linda que souber,
com uma poesia que lhe toque o coração,
para que na sua mudez, seja feliz,
pois alma que é, será sempre sua,
sem que ninguém no mundo a tire de você.
(Eda Carneiro da Rocha)

Desejo a você um maravilhoso final de semana,
Com muita paz e carinho.

Sônia

Meg disse...

Mdsol,

Obrigada pela visita, mesmo rápida.
Será sempre um prazer receber aqui mais uma amiga.

Bom fim de semana

Um abraço

Meg disse...

Mar Arável,

Também é uma boa sugestão, mas vou pelos filhos, sem dúvida.
Com amor, claro.

Um abraço

Meg disse...

Mariazita,

Depois de teres publicado o JPC, fiquei com vontade de publicar esta crónica... então agora que tanto se tem falado de crianças.
E porque estou de acordo com ele.
Portanto tu és a "culpada" de eu o ter aqui hoje.:)

Passei ontem pelo Histórias, mas a correr, mas voltarei.

Bom fim de semana e um beijo

Meg disse...

Isabel,

O JPC é um cronista irreverente e por vezes, como tu dizes, ácido.
Mas talvez por isso mesmo o aprecio.
Mas acho que chegou a altura de questionarmos muitos dos nossos valores - os que sobram ainda.

Bom fim de semana, Isabel.

Beijo

Meg disse...

Carminda,

São cada vez menos, minha amiga, e a situação não é nada animadora.
Ser feliz é quase impossível.

Bom fim de semana.

Um beijo

Meg disse...

Sonia,

A poesia é um refúgio para o qual fugimos da dura realidade actual.

Um bom fim de semana, minha amiga.

Um beijo

ManuelNeves disse...

Viva!

Estou por aqui neste seu espaço pela primeira vez, vi, li e gostei, voltarei.

De facto é um tema pertinente. Mas essencialmente ter ou não filhos, será uma escolha, uma prioridade, entre o material (puro e duro) e a partilha do amor de um filho, a sabedoria na educação, dispor de tempo (e para os filhos há sempre tempo...) para o ensinamento de valores, encontrarmo-nos connosco mesmos, depois se houver tempo e paciência, lá virá o automóvel, o LCD, a viagem ás Maldivas, a moto quatro e sei lá mais o quê.

Perdão por ter invadido assim o seu espaço.

Bom Fim-de-semana

Fá menor disse...

As pessoas têm que aprender a pensar que as crianças não são adultos em miniatura e que precisam de ser simplesmente crianças!

Gostei de passar por aqui.

JP disse...

É uma nova geração.

Após outra geração que se estava "borrifando" (desligada) para os filhos. Que os colocava na natação apenas para estar livre deles durante umas horas.

Como sempre os excessos são desaconselháveis, e as pessoas sensatas procuram fazer as coisas com:

CONTA, PESO E MEDIDA.

Ou seja tudo tem a sua devida proporção e importância, é importante trabalhar e ter sucesso, mas também é importante brincar e ser feliz.

Por essas e outras, nunca aceitei que a minha filha fosse um ano mais cedo para a escola. São tão poucos os anos em que se é criança sem obrigações... há que aproveitá-los.

Por essas e outras não concordo com a educação na Tailandia, onde aos 4 anos já sabem ler! E para quê? Para serem um povo submisso e ignorante em muitos assuntos?

Tudo tem um tempo próprio. Procurem o vosso e encontram o caminho para a felicidade.

Cumprimentos

João Pedro Jacinto
www.jpjacinto.com

Papoila disse...

Querida Meg:
Tenho andado muito ocupada e com pouco tempo para visitar os amigos. Foi bom passar aqui para te dar um beijo e ler este interessante texto.
"Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
Beijos

vbm disse...

Notável, este artigo de João Pereira Coutinho. Tornamo-nos como que "pais de nós próprios" o que é uma perniciosa falácia a inculpar-nos de praticamente qualquer insucesso e a esconder a distribuição desigual dos instrumentos de sucesso!

Zé Povinho disse...

Os filhos são uma bênção, apesar dos trabalhos que nos dão, mas o mundo em que vivemos não é propriamente a coisa mais recomendável para eles, e é cada vez mais difícil prepará-los para viverem neste meio.
Abraço do Zé

Luis Eme disse...

nunca pensei que o texto fosse do João Pereira Coutinho, por ser tão revolucionador...

abraço Meg

Meg disse...

ManuelNeves

Seja bem-vindo a este espaço que não senti invadido...
É sempre um prazer receber um novo amigo... espero que volte.
E sobre o post, acho que as coisas deviam ser como diz, mas infelizmente não são, como sabe.
E é para isso que JPC chama a atenção, à sua maneira, claro!

Logo que possível, retribuirei a visita... tenho sempre curiosidade em conhecer quem tem a simpatia de aqui deixar um comentário.

Um bom fim de semana

Meg disse...

Fa Menor

Ora aí está uma opinião que também partilho.

Seja bem-vinda a este espaço, ao qual espero que volte, se nele se sentir bem.
Logo que possa, irei conhecer o seu blog...

Um abraço

Meg disse...

JP Jacinto,

Também a si dou as boas-vindas a este blog.

Depois do seu comentário, que subscrevo, pouco ou nada fica para dizer. Muito obrigada.

Um bom fim de semana

Meg disse...

Papoila,

Andamos, minha amiga.
Felizmente pertencemos ao grupo dos que se queixam da falta de tempo.
Aqui não se contam as visitas, vem quando e se puderes... és sempre recebida da mesma forma... com gratidão e carinho.

Bom fim de semana

Um beijo

Meg disse...

vbm

Ora aí está, Vasco!
Falácia, perniciosa falácia!
O que terá de acontecer para reverter os comportamentos?
Em quantas gerações?
Deixo-te as respostas.

Um abraço

Meg disse...

Amigo Zé,

E para nós que vivemos outras infâncias, é ainda mais chocante este mundo em que as crianças são criadas, assim o diz o JPC, como "potros de competição".
É esse o problema.

Um bom fim de semana.

Um abraço

Meg disse...

Caro Luís,

Gosto do JPC em geral, leio muito do que ele escreve nas suas colunas, e deste texto em particular.
É revolucionador e verdadeiro.

Bom fim de semana

Um abraço

paginadora disse...

Querida Meg

Neste assunto partilho inteiramente da opinião do JPC. As nossas crianças vivem actualmente num mundo de competição desemfreada. Muitas vezes vivem, não os seus sonhos mas os que os seus pais não conseguiram ou não puderam realizar.
As crianças hoje tem tudo, talvez até demasiado para as suas necessidades no que diz respeito a bens materiais. Não tem é tempo!!!
Tempo para brincar, para crescerem devagar... para saborear a felicidade de um tempo despreocupado que só se vive uma vez. É pena e também ... assustador.
Um beijinho minha amiga

Janaina Amado disse...

Olá, Meg, como vai? Venho lá do blog da Isabel, o Com Calma... que frequento (fica esquisita essa palavra sem o trema, não e?) há algum tempo. Conheci Isabel pessoalmente, e ela me falou bem de si e do seu blog. Vi que tem toda razão: seu blog é bonito, interessante, muito vivo. Gostei muito deste texto. E do último post, com um poema sobre infância. Abraços e parabéns!

Meg disse...

Amiga Paginadora,

Muitas vezes vivem, não os seus sonhos mas os que os seus pais não conseguiram ou não puderam realizar.
Pois esse é uma das zazões para que as crianças hoje não tenham tempo para o serem, verdadeiramente.
Dá-se lhes muito e exige-se-lhes ainda mais... até quando, minha amiga?

Um beijo

Meg disse...

Oi, Janaína!

Como me sinto honrada com a sua visita!
É uma alegria recebê-la aqui e receber as suas palavras tão carinhosas, que agradeço do coração.
Sabe, já linkei o Enredos e Tramas para lhe fazer uma visita sempre que possa.

A Isabel é uma boa amiga, Janaína.

Volte sempre.
Um beijo grande