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Às estrelas
Vou falar das crianças famintas
E gritar quantas
De entre elas
Morrem de fome
Antes mesmo de terem um nome
Décio B. Mateus
Décio B. Mateus
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José de Pádua
Um dia, encho-me de coragem
E vou mesmo discursar no parlamento
Confesso que fiz juramento
De ir a pé até lá
De entrar naquela sala,
Para discursar a minha mensagem
Um dia, apareço nas câmaras da televisão
Verdade mesmo, não é ilusão
Apareço com o meu rosto maltratado
Com o meu rosto de drogado
Para pedir um ponto de ordem
Aos senhores deputados,
Eu mesmo que vivo do outro lado da margem
Já sei que vão olhar com indignação
Para os meus pés descalços
Para os meus calções rotos
E para os meus magritos braços
Já consigo imaginar os vosso rostos
De indignação e estupefacção
Mas mesmo assim eu vou mesmo discursar
Em plena assembleia nacional
Assim mesmo, com este meu visual
De menino de rua votado ao abandono
De menino de rua, cão sem dono
Eu vou à assembleia nacional falar
Assim mesmo, sem convite
E sem ser chamado
Eu, que não sei falar português de escola
Vou entrar naquela sala
Para falar com os senhores deputados
Eu vou lá sem convite, acredite!
E antes de me porem a andar à paulada
Antes de me mandarem calar à porrada
Vou rasgar o meu peito
Para vocês escutarem o grito
De tanto sofrimento vivido
De tanto sofrimento bebido
E enquanto estiver a ser arrastado
Para fora da assembleia nacional
Eu, menino de rua, cão sem dono e drogado
Eu, menino de rua, marginal
Ainda terei coragem
Ainda serei capaz
De trovejar a minha mensagem:
POR FAVOR, PÃO, TECTO E PAZ!
Não levem a mal
Mas eu vou mesmo discursar em plena assembleia nacional!
Décio Bettencourt Mateus
in "A Fúria do Mar"
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Um dia, encho-me de coragem
E vou mesmo discursar no parlamento
Confesso que fiz juramento
De ir a pé até lá
De entrar naquela sala,
Para discursar a minha mensagem
Um dia, apareço nas câmaras da televisão
Verdade mesmo, não é ilusão
Apareço com o meu rosto maltratado
Com o meu rosto de drogado
Para pedir um ponto de ordem
Aos senhores deputados,
Eu mesmo que vivo do outro lado da margem
Já sei que vão olhar com indignação
Para os meus pés descalços
Para os meus calções rotos
E para os meus magritos braços
Já consigo imaginar os vosso rostos
De indignação e estupefacção
Mas mesmo assim eu vou mesmo discursar
Em plena assembleia nacional
Assim mesmo, com este meu visual
De menino de rua votado ao abandono
De menino de rua, cão sem dono
Eu vou à assembleia nacional falar
Assim mesmo, sem convite
E sem ser chamado
Eu, que não sei falar português de escola
Vou entrar naquela sala
Para falar com os senhores deputados
Eu vou lá sem convite, acredite!
E antes de me porem a andar à paulada
Antes de me mandarem calar à porrada
Vou rasgar o meu peito
Para vocês escutarem o grito
De tanto sofrimento vivido
De tanto sofrimento bebido
E enquanto estiver a ser arrastado
Para fora da assembleia nacional
Eu, menino de rua, cão sem dono e drogado
Eu, menino de rua, marginal
Ainda terei coragem
Ainda serei capaz
De trovejar a minha mensagem:
POR FAVOR, PÃO, TECTO E PAZ!
Não levem a mal
Mas eu vou mesmo discursar em plena assembleia nacional!
Décio Bettencourt Mateus
in "A Fúria do Mar"
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«O poeta nasce do ar que respira!E o ar que o poeta respira são as situações agradáveis, difíceis e tristes, quer de ordem material, social, emocional ou outra. A minha poesia começou a manifestar-se numa altura em que era professor e experimentava inúmeras dificuldades de ordem material pois o salário era
simbólico! Então descobri na poesia uma forma de erguer a minha voz».
«««««<>»»»»»
DÉCIO BETTENCOURT MATEUS
Licenciado em Geofísica pela Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, no ano de 1998. Cumpriu o serviço militar obrigatório entre 1986 e 1992, tendo atingido o grau militar de capitão. Foi professor Pré-Universitário e do ensino de base, tendo leccionado as disciplinas de Física e Matemática.
Actualmente trabalha na Industria Petrolífera.
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