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"Sempre que no Parlamento se levanta a voz plangente dum ministro, pedindo que cresça a bolsa do fisco e se cubra de impostos a fazenda do pobre, para salvação económica da pátria, há agitações, receios, temores, inquietações, oposições terríveis, descontentamentos incuráveis.
O povo vê passar tudo, indiferente, e atende ao movimento da nossa política, da nossa economia, da nossa instrução, com a mesma sonolenta indiferença e estéril desleixo com que atenderia à história que lhe contassem das guerras exterminadoras duma antiga república perdida.
(...)
Temos um déficit de 5.000 contos. Esta é a negra, aterrível, a assustadora verdade.
Quem o promoveu? Quem o criou?
De que desperdícios incalculáveis se formou?
Como cresceu? Quem o alarga? É o governo?
Foram estes homens que combatem, foram aqueles que defendem, foram aqueles que estão mudos?
Não. Não foi ninguém.
Foram as necessidades, as incúrias consecutivas, os maus métodos consolidados, a péssima administração de todos, o desperdício de todos.
Depois, as necessidades da vida moderna, de terrível dispêndio para as nações.
Como na vida particular, cresceram as superfluidades, o vão luxo, o aparato consumidor, mais precisões, mais gastos, a vida internacional tornou-se tão cara que mais ou menos todas as nações estão esfomeadas e magras.
(...)
O déficit tornou-se um vício nacional, profundamente arraigado,indissoluvelmente preso ao solo, como uma lepra incurável."
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