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22 de junho de 2008

Primeiro Amor. Vivi aí

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MENSAGEM AOS AMIGOS.POR MOTIVOS PROFISSIONAIS ALIADOS À ÉPOCA ALTA DE TURISMO,
O MEU TEMPO DISPONÍVEL DIMINUIU SIGNIFICATIVAMENTE
ATÉ SETEMBRO
.Por esse motivo as minhas visitas serão mais espaçadas, tentarei pelo menos uma vez por semana, para ler e comentar o que os meus amigos publicam.
.

Prometo responder a todos os comentários que tiverem o carinho de deixar
.
AQUI, EM CADA POST.um abraço da meg
.
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Imbondeiro, de Eleutério Sanches




PRIMEIRO AMOR. VIVI AÍ


Primeiro amor. Vivi aí.

Casa grande de janelas abertas

para o verde, chave do nosso coração.

Meninos do bom Deus com histórias diferentes

e o mesmo temor e segurança.

Tudo tinha muita cor

como as casas pintadas de fresco

e as ruas debaixo da sombra das árvores.

Dos jardins víamos os novos modelos dos carros

dos anos setenta.

Havia concertos para piano sem orquestra.

E, às vezes, mulheres, loiras muito loiras

cantavam músicas de nós desconhecidas.


Posávamos para os fotógrafos

moças virgens esperadas à saída das aulas

e ouvíamos "if you are going to San Francisco".

As fotografias dessa época estão em casa das tias

e os nossos olhos de terra ou de água ou de noite

não são o que eram: por isso, continuam os mesmos.


Ondulam as cortinas levemente

como a última brisa

para lá da sebe junto aos muros baixos

oiço o barulho das árvores

imensas e antigas

e lembra-me um andamento

das Fantasias de Schumann.

Primeiro amor.

Vivi aí.


(Do tempo suspenso)

Maria Alexandre Dáskalos







Maria Alexandre Dáskalos nasceu no Huambo em 1957.
Integrou a Comissão Nacional de Dinamização de Cooperativas, em Angola, em 1975-1976.
Fez parte da Direcção Nacional de Formação de Quadros no Ministério da Agricultura e foi funcionária do Departamento para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas em Luanda (1982-1985). Foi directora da empresa de formação informática Datangol (1988-1991). De 1979 a 1981 frequentou o curso de História na Universidade Agostinho Neto, tendo-se aí iniciado nos estudos africanos, particularmente na história de Angola. Ainda em 1911 saiu a sua primeira obra como poetisa.
Em 2000 licenciou-se em História e em 2005 obteve o grau de mestre em História dos séculos XIX e XX, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Actualmente é doutoranda naquela instituição, onde também é investigadora, no Instituto de História Contemporânea.
Dedicando-se à História angolana colonial, colaborou em vários periódicos, nomeadamente nas revistas Angolê e Ler História.«««««««<>»»»»»»»

33 comentários:

Amaral disse...

Meg
Como sempre mais uma "revelação" e com muito nível. Belo poema.
Boa semana
Abraço

MPS disse...

Cara Meg

Conheço o pintor mas não a poetisa. Aquele imbondeiro triste é casa de africanos, que não a descrita na poesia. Mas o imbondeiro é árvore sublime, que se agarra ao chão e vive sempre. Como África, esperamos!

Gostei de perceber o contraste (ou entendi mal?)entre a pintura que apela à essência de África e o poema nostálgico de uma meninice ou juventude dos anos 70 - mais urbana, certamente, tendo em conta as fotografias e a música ouvidas - embora referente ao passado colonial. É triste e pode parecer estranho que diga isto, mas para a maioria dos angolanos (pelo menos para os das cidades)o passado colonial é o único referencial de paz de que dispõem.

Um abraço

Meg disse...

Caro Amigo,

São muitas as memórias que me fazem voltar a visitar e lembrar espaços que ambas frequentámos, o colégio de S.José de Clunny, neste caso.
Ao Eleutério devo-lhe um post, estou em fase de recolha de material.Crescemos juntos.
Uma boa semana e um abraço.

Meg disse...

Querida MPS,

Este imbondeiro tem um certo simbolismo que não vou expôr aqui... ainda há muitas susceptibilidades, minha amiga.

É verdade, eu pertenço a essa maioria, ainda por cima de Luanda. para quem a paz é uma saudade.
O poema retrata isso mesmo. É de uma ex-aluna e colega do "meu" Colégio S.José de Clunny.
Talvez por isso me tenha voltado tão empenhadamente para as minhas memórias...

O Eleutério e a irmã, a Gioconda, só há pouco soube dela, somos gente da mesma fornada, das mesmas escolas e colégios.
Depois a guerra e fomos todos pulverizados. Andamos todos por aí.
E eu atrás deles...sempre que puder.
Minha amiga, obrigada pela visita agora que, felizarda, também posso dizer que estou cheia de trabalho.
Um grande abraço.

Papoila disse...

Querida Meg:

Pintura e poema que me trazem a recordação dessa terra abençoada de um tempo que eu vivi.
Beijo

Agulheta disse...

Querida Meg. Lindo o poema e a pintura,que nos partilhas das lembranças de África,lindo.
Beijinho Lisa

Meg disse...

Papoila,
é um tempo que custa a esquecer.
Nós sabemos o que era e como era.
Restam-nos as memórias... boas!
Um beijo

Meg disse...

Lida,

São momentos muito bons a recordar, principalmente agora.
Um abraço

Anónimo disse...

como sempre, post extraordinário, onde a palavra e a imagem se entrelaçam, formando e preservando a memória da vida, de um tempo, que deixa marcas, que apaga marcas, mas que por existir alguém como tu, jamais cairá no esquecimento. são essas memórias da vivência que nos amadurecem, nos forjam para seguir adiante, com a consciência plena da sua história e do que querem e necessitam transformar. repito, extraordinário post. meu abraço.

Meg disse...

Fernando,
Muito obrigada por sua visita e suas palavras.
Já sabe por que não tenho visitado o seu blog, é temporário, mas é-me completamente impossível.
Um abraço

Carminda Pinho disse...

"If you are going to S. Francisco"
lembro-me tão bem desta canção cantada pelo Scott Mackenzie, e dos meus primeiro amores da altura...
A poeta que nos trazes, não conheço, mas tu aqui, fazes o favor de partilhares connosco esses poetas que desconheço.
Obrigada.

Beijos

Frioleiras disse...

Lindíssimo........

e Schumann ... gosto muito!

Meg disse...

Carminda,

É bom recordar, sim. E os poetas e poetisas existem. Acontece que me virei para as minhas memórias, neste caso trata-se de uma antiga colega do Colégio de S, José de Clunny.
E o Eleutério e a sua irmâ Gioconda F. também fazem parte destas memória. É apenas um reencontro.
Um abraço

José Lopes disse...

Quando temos algum tempo para parar e pensar, muitas vezes vêm à memória os tempos que aqui estão pintados com estas palavras. A vida continua, mas há memórias boas que o tempo não apaga.
Cumps

Meg disse...

Meu amigo Guardião,
É que não são fantasias.
A realidade era aquela por muito que doa a muita gente, aqui, hoje, no séc.XXI.
Por isso, nunca é demais recordar

Um abraço

Meg disse...

Frioleiras,

Ainda bem que gostou.
Obrigada pela visita.

Um abraço

Anónimo disse...

Minha querida

espero que não andes muito cansada.
O quadro uma beleza, as cores quentes que só de olhar de imediato nos levam até África
o poema não conhecia, nem a autora e gostei muito

beijinho

bettips disse...

Vim ler-te por aí abaixo. E sosseguei: a poesia habita e vive, livre.
Bjinho Meggy

Mar Arável disse...

Há dias em que não apetece

salvar o mundo

só ajudar

Meg disse...

Minucha,

Não sabes o que significam para mim estas visitas dos amigos.
Cansada eu ando, sim mas é bom sinal neste país, com tanta gente "encostada".
África está em mim, e estas são
pessoas que cresceram comigo, amigos que nos perdemos e nos estamos a encontrar. Pelo menos estou a tentar trazê-los aqui.

Um abraço

Meg disse...

Bettips,

Sigo-te de longe, recebo-te das viagens, mas vou passando e vou lendo. Tenho notícias para ti. Talvez nem sejam novidade... C.R.
regressou ou vai regressar, mas ainda não passei por lá.
Livre, sim, Bettips. Finalmente.
Beijinhos para ti

Meg disse...

Mar Arável,

E ainda podemos ajudar?
Tenho as minhas dúvidas.
Um abraço

Pata Negra disse...

Não sou poeta, embora consegui ler e sentir o que dizem os poetas! É para outras pessoas, como eu, que também existem os poetas! Os poetas são uma espécie de costureiros que despem e vestem as palavras e lhe tiram todas as medidas. Por isso gosto das revelações da MEG! Assim...
Olha! Estou a falar demais!
Um abraço desrrimado

Meg disse...

Meu querido Pata Negra

Nunca falas demais,o teu humor enche-me de alegria - é mesmo assim, já to disse.
preciso do teu mail, pode ser?
podes contactar-me para
mrgrd.gms@gmail.com

Um abraço

C Valente disse...

Me alegro saber que está tudo bem, e trabalho tambem será bom sinal pelos vistos está ligada ao turismo.
" Arvore entrelaçada como a vida acompanhada de um poema de uma certa nostalgia, gostei
Saudações amigas

Lana disse...

Linda MEG
que trabalhes com muito prazer.
1 sorriso mto luminoso e qd puderes espero a tua visita.
Lana

José Lopes disse...

Uma passagem apressada para desejar um bfds, e bom descanso se possível
Cumps

mjf disse...

Olá!
Sei que andas cheia de trabalho...mas mesmo assim partilhas connosco palavras tão lindas...
Obrigada

Beijocas
Bom fi de semana

mjf disse...

Olá!
Sei que andas cheia de trabalho...mas mesmo assim partilhas connosco palavras tão lindas...
Obrigada

Beijocas
Bom fi de semana

Meg disse...

Amigo Valente,

Recuso-me a admitir mas é-me QUASE completamente comentá-los em Julho e Agosto.
Aqui, onde trabalho, há 30 anos que se pratica a flexibilização.
E Julho e Agosto são a prova disso.
Entre as 10 da manhã e a meia noite estamos sempre em stand-by.
Não há horário que resista.
Tento recompensá-los com os meus
posts, não facilitando.

Um abraço

Meg disse...

Lana,
Tu és um caso especial... apareces e quando chego aí, já partiste.
Vens para ficar?
Já viste como está a minha vida... já lá fui mas não comentei.
Beijinhos dou-tos aqui, muitos e brilhantes, pode ser?
Um abraço

Meg disse...

Amigo Guardião,

Isto é que é uma vida?
Algarve é OU TUDO ou NADA!
Conto com a vossa paciência, e também te desejo um bom fim de semana, coisa que por cá não se pratica.
Um abraço

Meg disse...

MJF,

Tem de ser, minha amiga, e nem todos se podem gabar da mesma sorte.
Recebeste um mail?
Podes confirmar-me?

Entretanto aqui vos deixo hoje um novo post... das minhas memórias.
Com muita saudade.

Um abraço