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16 de maio de 2008

Canto uma Canção

QUER COMENTAR ESTA IMAGEM?
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Maria Azenha





Canto a canção do homem livre.
Canto os sonhos e pesadelos.
Canto o irmão branco
e o irmão negro.
Canto o Oceano e o longo
poema do mar.
Canto e fortaleço-me no azul.
Canto ouvindo cantar.
Esta é a canção do homem livre.
E ninguém ousa calar-me.
Quantos quererão cantar comigo?
Quantos mais?
Mandai-me todos estes homens e mulheres
que não têm abrigo.
E eu os cantarei.
Outros que se ocupem de outras coisas.
Há muito trabalho em todos os lugares.
Não somos porventura mais que meia dúzia?


O meu nome dizem os rapazes
das montanhas,
alcança a outra margem.
Vai a casa dos mendigos.
Eu sempre os cantarei.


Já disse.
Eu só vim para cantar.
Outra coisa não sei fazer.
Cada som que sai
vai a todos os pontos cardeais.
Vai a casa dos poderosos
e a casa dos humildes.


Entra pela janela dos humilhados,
e canta pelos oprimidos.
Uma canção livre vai a muitas milhas em redor.


Já disse.
Eu só vim para cantar.
E cada um habitará a canção a seu modo.


Eu canto então uma canção livre.Maria Azenha










Maria Azenha
Maria da Conceição da Silva Rodrigues Azenha nasceu em Coimbra em 29 de Dezembro de 1945.
Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra.
Exerceu funções docentes nas Universidades de Coimbra, Évora e Lisboa e em escolas secundárias.
É actualmente professora de Matemática na Escola de Ensino Artístico António Arroio.
Escritora, membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE)e da Associação Fernando Pessoa.
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ADENDA:
Maria Azenha, qual Fernando Pessoa, criou vários heterónimos.
Querem descobri-los ou preferem saber aqui?
É um desafio ou uma partida, como quiserem...
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«««««<>»»»»»



Mïr disse...
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(sobre os heterónimos de Maria Azenha)


É verdade, tais como
Alexandra Kräft- Ana Soares- Maria do Templo- Ana Belo-
Sophia de Carvalho
e ainda um semi-heterónimo,
alguns deles tive a sorte e privilégio de os ouvir de viva voz
Á Kräft, já publicou: "Concerto para o fim do Futuro"
.Maria Azenha escorrega-nos das mãos...Obrigada e bem haja!

17 de Maio de 2008 20:44.


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PARABÉNSMïr

56 comentários:

Agulheta disse...

Meg.Em primeiro lugar dizer,que não conhecia a escritora e o poema,gostei imenso das palavras e da forma com que elas nos levam a muito lado,principalmente África.
Pelas árvores cortadas,nos meus olhos vejo desolação,pois as vejo muitas vezes queimadas,elas um dia nos vão fazer a falta a muita coisa,debastam as florestas e tudo se destrói.
beijinho e bfs Lisa

Mar Arável disse...

Bela canção livre

por esses mares

adentro

Carminda Pinho disse...

Meg,
A imagem faz-me lembrar a destruição da natureza pelo homem que só não destrói aquilo que lhe faz falta, não se lembrando dos outros.

O poema de Maria Azenha, uma poeta desconhecida, (mais uma vez fazes aqui serviço publico) faz-nos pensar e, muito.
Junto o meu canto a este e, outros se juntarão, tendo a esperança que um dia todos possamos cantar a canção do homem livre.

PS:- Já alguma vez te disse que o teu blog é um dos melhores daqueles que visito?

Anónimo disse...

Fiquei sózinha no meio da devastação, porque eles precisam de uma sombra amiga para poderem descansar, quando já não podem com o barulho das máquinas, e com o consaço nos braços.
Mas quando forem para mais longe, vão esquecer, também, quem o abrigou durante toda o trabalho e então será também a minha vez de morrer, de pé, como todas nós.

Mas daqui a um pouco, havrá outra eu, sózinha em plena devastação.

Anónimo disse...

O poema uma beleza, lindo de mais, para se poder comentar, verdadeiro de mais, para de poder falar.

beijinho Meg.

Bípede Implume disse...

A fotografia para mim representa uma tragédia feita pelo homem, contra o próprio homem.
O poema faz-me lembrar um pouco Walt Whitman. Um longo e fraternal abraço ao seu semelhante.
Bom fim de semana, amiga.

bettips disse...

Deixo beijos de mulheres para Mulheres.
Para ti que (re)conheço, em dia da Internet.
Ânimo e Azul.

Meg disse...

Agulheta,
É a realidade, são sempre os mesmos. E eu não menciono nunca a bibliografia, Deixo isso como desafio para vós, e irão ter muitas surpresas.
Vamos ver no fim o resultado dos comentários...
Obrigada, tem um bom fim de semana e recebe um abraço

Meg disse...

´
Mar Arável

Belos momentos. Boas surpresas.
Obrigada
Bom fim de semana

Meg disse...

Carminda,
A autora pode ser desconhecida mas não é nenhuma novata. Se te deres ao trabalho de consultar a sua bibliografia, verás a surpresa que vais ter!
Sobre a imagem, vamos ner o que acontece no fim.
Um abraço

Meg disse...

Minucha, quem sabe? No fim faremos o balanço, mas não andarás longe da minha maneira de sentir.
Um bom fim de semana

Meg disse...

Minucha,
é verdade,por isso me limitei a apresentar a autora, com a esperança que mais a descubram e vejam o que perdemos.
Um abraço

Até logo...

Meg disse...

Bipede Implume

É, este é um abraço tão grande e fraterno que nos devia abranger a todos...
Deixado por mais uma autora práticamente desconhecida.
Um bom fim de semana e um abraço

Meg disse...

Bettips,

Como guia me acompanhas, de longe, mas nunca nos perdendo de vista e de sentires.
Como envolvidas num abraço como este da Maria Azenha.
Beijos de mulheres para MULHERES!
E muito Azul.
Um óptimo (com p) fim de semana!

MPS disse...

Um dia virá alguém reclamar para si a última árvore. Nós responderemos:

- Não podemos cortá-la. Só ela nos abriga e protege. Só ela guarda os ninhos das aves e lhes permite o descanso na migração. Só ela serve de cama da sesta dos felinos. Só ela permite que a Terra sonhe com a ressurreição.

Então, aquele que reclama a árvore dirá:

- Em nome das aves que a habitam, em nome dos felinos que nela descansam e em nome do sonho da Terra, a árvore ficará de pé. Vós, que derrubastes a floresta e semeastes a desolação, parti para o lugar da morte - o único que mereceis.

Um abraço

Meg disse...

Cara MPS,

Quanta utilidade numa só árvore, e já mutilada ainda emana vida!
Que civilização é esta?
Vamos ver no fim.
Um abraço, minha Amiga

Amaral disse...

Meg
Gostei muito do poema. Tem sentimento, assim como a imagem muito sugestiva.
Bom fim-de-semana
Abraço

Meg disse...

Amaral

Ainda bem que gostou, pois é uma autora que vale a pena conhecer.
Em relação à imagem, ela quase fala por si, não é?
Bom fim de semana e um abraço

zef disse...

Já encontrei poemas de Maria Azenha em alguns sítios e tenho gostado. E, em muitos, quererei cantar com ela.
Um abraço

Meg disse...

Zef, se tu conheces a Maria Azenha e algum dos seus heterónimos fico muito feliz.
Porque me dá pema que se fale sempre nos mesmos, sempre nos mesmos... e temos "massa" tão bonita ao abandono!
Um grande abraço e bom fim de semana,

anamarta disse...

Meg
Para mim a imagem representa a destruição da Natureza pelo Homem! Sem pensar no futuro do Planeta e dos nosso Filhos, o que me pergunto é: continuando assim que mundo lhe deixamos?
Como habitualmente partilhas connosco poemas lindos e desconhecidos! Obrigada.
E que num futuro muito próximo todos os Homens possam cantar a canção do Homem Livre!
um abraço e bom fim d semana.

Meg disse...

Anamarta,

Obrigada pelas tuas palavras.
A imagem parece que está a ter a unanimidade...

Quanto ao poema, é de uma mulher que como Pessoa, criou vários heterónimos. Tem uma obra importante que não menciono porque quero dar-vos essa surpresa da descoberta.
Um abraço e bom fim de semana

Memória transparente disse...

É verdade, tais como:

- Alexandra Kräft
- Ana Soares
- Maria do Templo
- Ana Belo
- Sophia de Carvalho

e ainda um semi-heterónimo, alguns deles tive a sorte e privilégio de os ouvir de viva voz

Á Kräft, já publicou: "Concerto para o fim do Futuro".


Maria Azenha escorrega-nos das mãos...


Obrigada e bem haja!

Heduardo Kiesse disse...

A imagem é inquietante e as palavras inspiradoras. Um casamento perfeito!
Beijos

paradoxos

Meg disse...

Cara Mïr

Muito obrigada pela sua participação no desafio dos heterónimos da Maria Azenha.´

Parabéns

E agora que fiquei curiosa, irei fazer-lhe uma visita logo que possa, amanhã, o mais tardar.

Um abraço

Meg disse...

Eduardo,

É realmente uma imagem assustadora. mas real.
Obrigada por mais esta tua
visita
Um bom fim de semana e um abraço

Anónimo disse...

Sim quero comentar a imagem. A imagem de um planeta que precisa urgentemente que os políticos e os cidadãos tenham consciência ambiental e que actuem, pois um planeta sem árvores... é um planeta morto... E nós fazemos parte dele. Kiss e Bom fim de Semana

PS: Podes consultar o Código de Conduta na minha página do meu blog : Projecto

Menina do Rio disse...

Meg, a primeira imagem eu me recuso a comentar... Quanto à escritora eu tiro o chapéu.

Um beijo pra ti e tem um ótimo domingo, querida

SILÊNCIO CULPADO disse...

MEG
Relativamente à imagem: vejo uma árvore que escapou ao machado dos homens e ficou erecta, inteira, soberba e solidária no meio da devastação.

A escritora é espantosa.
É um belissímo poema. Eu tive um colega, mais velho que eu, que tinha por apelidos "Rodrigues Azenha". É engenheiro. Fiquei a pensar se é da família.
Fico a aguardar os heterónimos.
Espantoso como há tanto talento desconhecido.

Um abraço, Meg

Pata Negra disse...

Canta bem mas não me alegra, muitas vezes a poesia tende a fugir da realidade, a cantar. Cantar é bonito, alegra a existência mas não a sustenta.
Quero que os versos virem pão, que os poetas virem árvores de fruto, que os blogs virem sardinheiros de mota Forvel, que a podridão deste país vire adubo!

desculpa Meg, hoje estou desrrimado

Maria Faia disse...

Olá Amiga,

Mais um lindo momento de poesia...
Gostei.

Quanto à imagem, ela lembra-me a força da sobrevivência e resistência. É assim que olho para uma árvore frondosa e cheia de vida inserida num campo em que todas as outras foram abatidas.

Força amiga. Hoje, amanhã e sempre o Sol nasce e, com ele, a vida se perpetua.

Um beijo amigo,
Maria Faia

f@ disse...

Olá... comentar a imagem...
...ruido da moto-serra e os gritos da terra aos gemidos dos troncos... lamentos não basta ... beijinhos das nuvens

Maria disse...

Mais um nome da poesia que desconhecia...
Obrigada, Meg.

Beijos, sempre deste lado nosso

Savonarola disse...

Querida Meg,

Não consigo adivinhar. É melhor seres tu a dizer. Gostei muito: os humilhados também precisam de ser cantados, acarinhados.

Um abraço anarquista

amigona avó e a neta princesa disse...

Na imagem vejo o vazio...a ausência...beijo, amiga...

Meg disse...

Ludorex

E achas mesmo que os políticos se estão a preocupar com isso? Pois eu não, desculpa a franqueza.
Quanto ao Código lá estarei.
Um abraço

Meg disse...

Menina do Rio,
Verónica, e é que não dá vontade de comentar mesmo.
Quanto ao poema, de uma autora desconhecida, chamo a tua atenção para a última parte deste post.
É, é verdade... os heterónimos!
Um beijo para ti também

Meg disse...

Silêncio Culpado,
Lídia, é verdade, é o que nos espera, creio que já nada nos salvará disso.
Quanto à autora e do poema, chamo a tua atenção para a última parte deste post... uma amiga trouxe-nos a resposta ao desafio.
Um abraço

Meg disse...

Pata Negra,

Não, tu hoje estás e um poeta. Este poema diz muito. Gostei muito de te ver aqui, é o que te disse...
Um grande abraço

Meg disse...

Maria Faia

E de repente lembrei-me da Palmira Bastos, embora não seja do meu tempo. Mas como As Árvores Morrem de Pé!!!

Um abraço

Meg disse...

F@,
Aquela árvore tem uma mensagem muito forte, não é?
Um abraço para ti

Meg disse...

Maria,
Uma não, seis pelo menos, como podes ver mesmo no fim deste post.
Temos Mulheres, Maria!
Um grande abraço

Meg disse...

Savonarola,
Meu querido Jorge, aquela árvore pode significar tanta coisa.
E não será o nosso retrato, o retrato deste país?
Também não sei.

A poesia sei que te diz alguma coisa, coisas de sentires...

Um abraço anarquista

Meg disse...

Amigona,
É também isso, com certeza.
Obrigada. Um beijo também

Papoila disse...

Querida Meg:
A imagem da árvore que resiste à destruição à sua volta é fortíssima.
O poema do canto do homem livre dos seus sonhos e pesadelos da Maria Azenha é uma das tuas belas surpresas.
Beijos

Meg disse...

Papoila.

Essa árvore foi um amor à 1ª viata, e como vês temos muita boa gente a escrever assim
E, tal como FP também a Naria Azenha vale por vários heterónimos, como podes ver no fim do post,

Beijos para ti

Lana disse...

Meg,
cá estou eu
Maria Azenha faz anos no mesmo dia que eu embora eu seja de 1962.
que maravilha, não conhecia e agradeço-te a partilha.
1 sorriso mto mto luminoso.
Lana

Meg disse...

Lana,

Quando apareces assim de repente, lembro-me sempre dos cometas, ahahah!
Chegas, iluminas e desapareces ...
Será que a esta hora ainda não desapareceste?
Já lá vou ter contigo, Lana incandescente!
Um abraço

Anónimo disse...

Ao ver esta imagem logo imaginei corpos mutilados pela guerra que jazem esquecidos na Terra que os viy nascer. A árvore como que quer testemunhar o que viu ali ficou muda.
O poema é magnifico duma poeta que não conhecia, mas que irei explorar pelo que tanto gostei.
Um beijo amigo

Carminda Pinho disse...

Meg,
não sabia que havia prémio, senão teria feito muito mais pesquisas.Ahahah!!!!

Saio a cantar esta canção de Maria Azenha, "...eu canto então uma canção livre."

Beijos

Meg disse...

Jo

Mais uma interpretação para aquela imagem. Interpretação também consoante as memórias de cada um.
Quanto à Maria Azenha, vale a pena a pesquisa, e não te esqueças dos heterónimos.
Um abraço

Meg disse...

Carminda,

Prémio, prémio não há... apemas uma adivinha ou um desafio.E foi uma nova amiga, a Mïr, que aqui deixou os heterónimos da Maria Azenha.

Mas um dia destes faço um post com prémio, está bem?

Ana Luar disse...

Meg foi com uma agradável surpresa que vi aqui agraciada pela tua amorosidade a Maria... uma pessoa que conheço pessoalmente e por quem nutri um carinho imediato. Sem dúvida alguma que a Maria merece todos os gestos de carinho... pois traz nos olhos o reflexo da sua grandiosidade e generosidade.

lupuscanissignatus disse...

poesia

que nos

habita

e respira



árvore

enraízada

em nuvens

de afecto

Izelda Maia disse...

Meg,
obrigada por nos apresentar esses nomes da poesia portuguesa.

grande abraço.

Meg disse...

Izelda,

Sim, acho importante mostrar quem escreve tão bem... na sombra quase.
E resolvi fazê-lo, em relação àqueles de quem gosto particularmente.
Só espero que quem comenta goste também.
Obrigada, mais uma vez
e mais outro abraço