Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte
depois morreremos de medo
e sobre os nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
( Amar-Amaro)
2 comentários:
Muito bom o seu blog. Essa passagem dos versos de Drummond foi uma excelente escolha. Sucesso!
http://nelsonsouzza.blogspot.com
Um kandandu Meg. E congratulo-me deveras com o teu regresso. Com certeza por cá estarei presença constante.
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