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8 de outubro de 2009

Que trevas são estas?

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Aos Que Virão a Nascer É verdade, vivo em tempo de trevas! insensata toda a palavra ingénua. Uma testa lisa Revela insensibilidade. Os que riem Riem porque ainda não receberam A terrivel notícia. Que tempos são estes, em que Uma conversa sobre árvores é quase um crime Porque traz em si um silêncio sobre tanta monstruosidade? Aquele ali, tranquilo a atravessar a rua, Não estará já disponivel para os amigos Em apuros? É verdade: ainda ganho o meu sustento. Mas acreditem: é puro acaso. Nada Do que eu faço me dá o direito de comer bem. Por acaso fui poupado (Quando a sorte me faltar, estou perdido.) Dizem-me: Come e bebe! Agradece por teres o que tens! Mas como posso eu comer e beber quando Roubo ao faminto o que como e O meu copo de água falta a quem morre de sede? E apesar disso como e bebo.
Também eu gostava de ter sabedoria. Nos velhos livros está escrito o que é ser sábio: Retirar-se das querelas do mundo e passar Este breve tempo sem medo. E também viver sem violência Pagar o mal com o bem Não realizar os desejos, mas esquecê-los Ser sábio é isto.
E eu nada disso sei fazer! É verdade, vivo em tempo de trevas!
Bertolt Brecht
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37 comentários:

Agulheta disse...

Meg. So poederia ser de Brecht,palavras plenas e certas,assim escrevo um poeta que admiro.
Beijinho fica bem e tudo de bom.
Lisa

padeirinha disse...

Trata-se de realidade. Uns passam ao largo da vida, outros simplesmente não o conseguem.

São disse...

Esperemos, minha querida, que se consiga abrir um rasgão de luz nas trevas que nos cobrem...

Um abraço grande.

Maria disse...

Que raio de homem este... continua tão actual como quando escreveu isto (e outros!).
Quando damos o passo em frente?

Beijo, Meg. Deste lado nosso

Anónimo disse...

(acho que há anos que evitamos um cruzamento - porque nos cruzamos como correntes em tristezas diversas que nos afogariam??? será)
que as coincidências a pensar
que o que se diz e não diz
o que não se vê - adivinha

O Poeta a lembrar: é que conversar sobre árvores e pedras é quase um crime, nestes tempos impiedosos...

Bj de B

Meg disse...

Lisa,

Brecht é, como se verifica, infelizmente sempre actual... e não podemos deixar de o lembrar nos tempos que correm!

Um beijinho para ti

Meg disse...

Padeirinha,

Mas é uma realidade muito triste e muito injusta também.
E temos de ter consciência disso.

Um abraço amigo

Meg disse...

São,

Está difícil, minha amiga, as nuvens cada vez estão mais negras... e a esperança, que é dela?

Um bejo para ti

Meg disse...

Maria,
Boa pergunta: quando damos o passo em frente?
Pois não sei... devia ser quando quisermos e quantos quisermos.
E queremos?

Um beijo daqui

Meg disse...

Anónimo,

O seu comentário deixou-me intrigada... porque me revejo nas entrelinhas do comentário.
Cruzámo-nos ou não? Evitamos?
Fala do Poeta, das árvores e das pedras...das minhas pedras?

Estou muito curiosa, e o B não me diz nada, assim de repente...

Não és tu... Btts...?

Fico na expectativa da revelação, e a insónia aumentou...

Até breve, espero!

bettips disse...

Não insones, só estava noutra conta e por isso respondi aqui(ao teu comentário nas coisas soltas) como anom.; estou na porta do quintal.
Bjinho

Amaral disse...

Meg
Muito interessante. Bonito mesmo.
Boa semana
Abraço

Bípede Implume disse...

Tão actual, infelizmente. Vivemos tempos de egoísmos vários. De muitas malfeitorias impunes. Até quando...não sei.
Mas vale a pena tentar.
Beijinhos e continuação de férias merecidas.
Isabel

Sonia Schmorantz disse...

Atualíssimo este poema de Bertolt Brecht, excelente postagem!
Beijo, lindo final de semana

Meg disse...

Minha querida Bettips,

Bem me pareceu... o(a)s amigos reconhecem-se até nas palavras anónimas. Só podias ser tu a falar-me de poetas, árvores e pedras.
Um dia destes lá nos encontramos, na porta do quintal.

Beijinho para ti...
e um braçado de girassóis

Meg disse...

Amaral,

Ainda bem que gostaste.
Bom fim de semana

Um abraço

Meg disse...

Bípede Implume

Isabel,
É por isso mesmo que se impõe a leitura de Brecht...
Nunca deixaremos de nos espantar com a actualidade dos seus poemas.

Bom fim de semana.

Beijinhos para ti

Meg disse...

Sonia,

Muito obrigada pelas tuas palavras, e pela tua visita sempre tão carinhosa,
Um lindo fim de semana para ti também, minha amiga.

Beijinho

zef disse...

Só para dizer que não esqueci a MegRecalcitrante e, já agora, para dizer também que este poema traz alguma sabedoria para amanhã...
Grande abraço

Filoxera disse...

Admiro a poesia de Brecht.
Um beijo, Meg.

Papoila disse...

Querida Meg:
Sempre actual Bertrold Brecht...
"Mas como posso eu comer e beber quando
Roubo ao faminto o que como e
O meu copo de água falta a quem morre de sede?
E apesar disso como e bebo.
Também eu gostava de ter sabedoria.
Nos velhos livros está escrito o que é ser sábio:
Retirar-se das querelas do mundo e passar
Este breve tempo sem medo."
Beijo

Meg disse...

Zef, meu amigo!
Como é bom ter-te de volta... como poderia eu esquecer-te também?
Já espreitei a Romãnzeira, daqui a pouco já lá vou...
Um dia deste falamos à porta do jardim.

Ah... pensavas que o Brecht está aqui inocentemente? Claro!

Um beijo para ti

Meg disse...

Filoxera,

Felizmente somos muitos a apreciar Brecht, mas não tantos quanto necessário.

Muita sorte para ti!
Um beijo

Meg disse...

Papoila,

Como disse atrás, o Brecht aqui e agora, não foi um acidente.
Como tu bem o entendeste.
Mas é necessário, continua a ser, infelizmente.

Um beijo para ti

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Uma relíquia, uma caixinha de agradáveis surpresas... Maria Teresa Horta e agora Brecht... sempre tao bom vir-te visitar. Bem hajas pelas coisas belas que nos dás a ler. Obrigado e como se diz lá no Namibe: Baketu!
Kandandu

De Amor e de Terra disse...

Creio que nunca de lá saímos,desse tempo de trevas...
no entanto, quanto a mim, ser Sábio/a é AMAR, apesar de tudo e contra tudo.

Obrigada Amiga querida pelas palavras lá em casa.
Tenho aparecido pouco, é certo, mas lembro muito, embora isso não se veja!
Beijos

Maria Mamede

Luna disse...

Todos nós vivemos nos tempos das trevas, só que uns já o descobriram outros não imagina,tempos de trevas de Kaliuda epoca densa de ferro, segundo dizem find dos tempos onde tudo de mal acontece.
beijinhos

Meg disse...

Caro Nami,

Obrigada mais uma vez pelas tuas palavras sempre tão amigas.
Elas também são um incentivo para mim, por isso as recebo e agradeço com muito carinho, como sabes.

E sobre o Brecht... tinha de ser, meu amigo...

Baketu

Um abraço

Meg disse...

Querida Maria Mamede,

Sabes que a tua presença, como uma grande poeta, é sempre uma grande honra para mim, que de Poesia tanto queria saber.
Também eu tenho pecado pela falta de assiduidade mas, no meu caso, tem sido o trabalho, mas agora, de férias, tento pôr "a escrita em dia".
Obrigada pelas tuas palavras e pelo teu carinho.

Beijinho para ti

Meg disse...

Multiolhares,

Sê bem-vinda, minha amiga.
Depois de nos termos desencontrado por aí, estou feliz por te receber aqui... algo me diz que esta visita tem a ver com o Sítio...
Que saudades! De tudo!

Sobre as trevas, Brecht já o dizia, e há tanto tempo!

Obrigada... vou ficar com o teu link.

Um abraço

São disse...

A esperança, minha amiga, temos que a cuidar contra tudo e contra todos - embora isso seja tarefa árdua.

Um beijinho.

Janaina Amado disse...

Obrigada por postar este sábio poema. Brecht é sempre um farol que nos ilumina caminhos, a voz da indignação que às vezes perdemos, a expressão das perguntas corretas.

José Lopes disse...

Os nossos tempos também são de trevas e o futuro pode até ser pior, mas esperamos sobreviver, porque resistir é sempre a palavra de ordem.
Cumps

Meg disse...

São,

E a esperança cada vez tem de ser mais inabalável.
Todos o sabemos, minha amiga.

Um beijo

Meg disse...

Janaína,

Só temo que estejamos todos a ficar cegos... a falta de "visão" continua a ser assustadora, por isso nunca é demais reler Brecht.

Um beijo

Meg disse...

Guardião,

E como somos resistentes, mas não desistentes, meu amigo!

Um abraço

AFRICA EM POESIA disse...

O mar e a saudade da foto a baía é a mais bonita do mundo...


O MAR


Mar...
O Mar longínquo...
Onde eu me transporto e me
transformo...


O Mar...
Que eu sentada olho ao longe...


O Mar...
Tão sonhador, tão profundo e tão
distante...


O Mar...
Onde as ondas azuis e brancas, deslizam
suavemente...


O Mar...
Que tem tanto amor e tanto mistério...


O Mar...
Que leva tudo e tudo devolve...


O Mar...
Que me deixa amar o infinito...


E... que sonha, ama e chora...
E deixa-me: amar, sonhar e chorar com
ele...


LILI LARANJO