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17 de dezembro de 2008

Eu não tenho poema de Natal!

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"Invisível Senhor Dos Meninos De Rua"


Eu não tenho poema de Natal

Porque a mim me doi tanto

Esta época

De festas e prendinhas

Que por ser alegre para os outros

É triste para mim

Orfão indigente

Desprezado

Abandonado à sorte e pela sorte

Sem norte nem sul

Sem beira nem eira

Sem colo nem mãe

Sem pais nem família

Sem afecto nem carinho

A não ser da mão invisível

Da caridade

Que não sei bem ainda

Se terá ou não

O indelével toque de mãos

Do Invisível Senhor da Criação...

Que me faz sonhar

Viver e ter esperança

Ter fé em sua luz..

A quem

Apesar de tudo

E para além de mim

Fervorosamente

Amo...



Escrito por Manuel de Sousa, poeta, em Luanda, Angola, a 22 de Dezembro de 2004...
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Em homenagem a todos os meninos e meninas, crianças ainda, e sobretudo, àquelas que, infelizmente e por várias circunstâncias dos seus destinos, foram “atiradas” para as ruas sombrias da amargura e do desprezo, onde muitas vezes vivem da violência e da brutalidade urbanas e da insensibilidade geral da sociedade, como seres “invisíveis” aos restantes que passam...
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43 comentários:

Gracionete disse...

Realmente no mundo em que estamos as vezes fica dificil recitar qualquer tipo de poema a não ser aquelas que estão em nossos corações que chamamos de oração.FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO!!Não tenho ouro nem prata mas o que tenho lhe dou receba um grande Abraço e minhas Orações.

Maria disse...

Querida Meg

Estou exausta com estas cenas de natal.
Decidi que a partir deste ano o natal não existe. Enquanto houver uma criança com fome, eu não tenho natal. Não quero natal. Não me apetece natal. Nem com poema nem com nada...
Desculpa, mas foi o que saiu, em jeito de desabafo...

Um beijo

duarte disse...

o consolo de um sorriso
imaginado
um abraço de um corpo
inventado
um sonho de menino
revelado
na esperança do amor
encontrado
na mão que não sente
esperando
no gesto que demora
encontrando
o calor de um abraço
saciando.

do vale para o mundo

Pata Negra disse...

Eu tenho poema de Natal
porque o meu Natal não é de prendinhas
Não é alegre porque é triste para outros
Mas é de Viver e de esperança.
Apeteceu-me adulterar o poema,
apetece-me reconstruir o Natal
que não tem Pai Natal Coca-cola nem Centros comerciais.
Apeteceu-me o Natal que não se lembra apenas dos que não têm Natal nem se satisfaz com a caridadezinha da época.
O meu Natal vai ser de casa em casa e na minha e com bacalhau com todos. Estou a falar a sério, tenho sempre um bom Natal.
Um abraço dum Natal sem medo, sem culpa, sem prendas, sem caridade - simplesmente a cantar de lareira em lareira, de amigo em amigo.

Carminda Pinho disse...

Meg, excelente este poema. Que me toca, muito.
Que raio de tempos estes...

Beijo

Moacy Cirne disse...

Um poema tocante (não o conhecia). E apropriado para o período natalino, claro. Um beijo. Um cheiro.

Carla disse...

belíssima a tua homenagem feita de um lamento a um Senhor invisível que não olha para quem sofre
beijos

Mariazita disse...

Apesar de nos lembrar coisas tão tristes, o poema é muito bonito.
Também pelos motivos aqui apontados, no Natal a minha alegria é sempre nublada por uma certa tristeza...

Um bom Natal, querida amiga.

Beijinhos
Mariazita

Meg disse...

Gracionete,
Benvinda a este espaço e muito obrigada pelo seu comentário e retribuo os seus votos de feliz Natal e próspero ano 2009 - com muita paz e harmonia.

Um abraço

Meg disse...

Maria,
Como eu te compreendo!
A mim também este espectáculo não agrada, tomara ver-me em Janeiro.
Este post não é inocente, é mesmo para incomodar.

Beijinhos deste lado

Meg disse...

Duarte,

Como te hei-de agradecer este poema? Dizer-te que gostei muito dele? É verdade.

Deste espaço, para o vale. vai o meu abraço

Meg disse...

Amigo Pata Negra,

Mas desse teu Natal, eu gosto. Porque esse é o verdadeiro Natal.
Não do Natal mercantil, social e consumista.

Tem um Bom Natal, amigo!

Um abraço

Meg disse...

Carminda,
São tempos de tanta gente sem Natal! Natal triste de tanta gente!

Um abraço

Meg disse...

Caro Moacy,

É um poema para incomodar as consciências, meu caro...

Para você meus beijos e cheiros e queijos.

Meg disse...

Carla,

É um pouco difícil de entender este Senhor!

Um abraço

Meg disse...

Mariazita,
As pessoas conscientes não podem deixar de se lembrar destes excluídos do Natal! Talvez nos ajude a ser mais solidários.

Um abraço

Filoxera disse...

Queria ter um colo para todos eles... Saio arrepiada.
Um beijo.

Anónimo disse...

Que bonito Meg, que trágico e enternecedor ao mesmo tempo este teu post de hoje. Que transformemos o Natal no natal destas crianças é o meu desejo mais profundo.

Agulheta disse...

Meg.É disto que se vê no dia a dia,mais nas cidades grandes,mas por aqui já vamos vendo muita coisa,que não podemos ter grande natal quando os procedimentos das pessoas,continuar a ser assim,e os senhores continuar a tirar ao pobre e encher os bolsos.
Beijinho amiga bfs

Menina do Rio disse...

A força do pensamento

A minha sugestão para estes tempos é:
Vamos doar-nos mais e diminuir o individualismo!
Que tal, um pouco mais de atenção aos filhos, aos
companheiros(as), aos almoços de domingo, menos
eu e mais "nós"?
Prega-se tanto amor, mas cada um só vê o seu
desamor; todos correndo numa busca louca de ter,
que acabamos por esquecer-nos de "ser".
Já viram um Maracanã lotado em dia de clássico?
Existe no futebol o chamado "inconsciente coletivo"
Esse "inconsciente" é capaz de virar um jogo!
Então imaginem 10 mil Maracanãs cheios! E o inconsciente
coletivo dessa torcida toda; uns pelos outros!
Não só em tempos natalinos, mas em todos os dias
de nossas vidas! Se é verdade que a FÉ move montanhas,
então imaginem do que somos capazes se direcionarmos
nosso "inconsciente coletivo" uns aos outros; se
"crermos" e agirmos conforme essa crença.
Podemos fazer a diferença...

Esses são os meus votos de Natal!
beijinhos
(Verô)


"Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo;
todos são parte do continente." (John Donne)

Anónimo disse...

meg:
eu também não tenho.
um abraço aos amigos daqui.um beijo
pra você.
romério

Meg disse...

Filoxera,

Este é o mundo em que vivemos, não adianta fechar os olhos, porque é de arrepiar, realmente.

Beijos

Meg disse...

Luisa,
Seremos capazes de dar um Natal a estas crianças? Temos de tentar e não os esquecer, nunca!

Beijinhos

Meg disse...

Lisa,
Esta é uma sociedade egoísta, de consumismo e de salve-se quem puder... doa a quem doer!

Beijos

Meg disse...

Verónica,

As tuas palavras estão plenas de sensibilidade.
O que fazemos e o que deveríamos fazer, é a questão.
Vamos fazer, cada um à sua maneira, um Natal mais solidário e mais consciente.
Um óptimo Natal para ti e para todos os que te querem bem.

Beijinhos

Meg disse...

Querido Romério,
Eu sei que somos muitos os que não têm um poema... eu também não tenho nem saberia fazê-lo.

Agradeço-te o abraço em nome dos nossos amigos daqui

Para ti, um beijo.
meg

Sei que existes disse...

Poema bastante profundo que nos faz reflectir de uma forma especial...
Beijocas grandes

Papoila disse...

Querida Meg:
Um grito lancinante este poema pelos meninos que não têm Natal!
Feliz Natal!
Beijos

tulipa disse...

Os meus votos são:
Que nunca cesses de encontrar novas possibilidades na vida e em ti próprio.
Que mantenhas dentro de ti uma Paz que nada possa destruir.
Que o ano 2009 seja tal como desejas.

Beijos.

O Natal não existe mesmo.
Enquanto a m/sobrinha está numa cama de hospital à espera de um transplante de coração, com 26 anos e o irmão do nosso ministro foi de urgência para Espanha para ter um transplante de pulmão, porque lá é mais fácil...o Natal não existe, com estas diferenças entre seres humanos que somos.
Não posso aceitar isso principalmente na saúde, porque sem saúde não se vive, morre-se.

Não quero natal.
Não me apetece natal.

Meg disse...

Sei que existes,

É mesmo para pensar, para reflectir...

Beijinhos e Bom Natal!

Meg disse...

Papoila.
É sim, um grito lancinante.
Quem acode a estas crianças e não só no Natal?

Beijos

Meg disse...

Tulipa,

Agradeço-te e retribuo os votos para 2009, embora as perspectivas não sejam boas.
Quanto ao Natal, minha amiga, também a mim não me apetece Natal, com tanta injustiça à mistura.
O meu Natal não é este... está bem longe,até geograficamente.

Beijos e, tanto quanto possível, um Bom Natal!

Bípede Implume disse...

Apesar de tudo o poeta termina confiante na sua fé que o faz sonhar, viver e ter esperança.
Como resolver este problema, tão doloroso, de todas as crianças que sofrem no mundo?
Mesmo assim venho desejar-te um Natal cheio de esperança em dias melhores. E com muito amor que já ajuda muito.
Beijinhos natalícios.

Peter disse...

Tens razão, é uma homenagem sentida.
O meu Natal também já não é o que era. Os entes queridos vão desaparecendo, ou pela lei da vida, melhor dizendo, da morte e outros por motivos decorrentes deste viver moderno.

Bom Natal

P.S. - Mandei postais BF para todos através do postaisnet@fixehome.com
ninguém recebeu.
Vigaristas!

Maria Faia disse...

Minha Querida e Boa Amiga Meg,

Sem dúvida que me junto a ti e a este autor Africano que desconhecia. Eu também não tenho poema de Natal...mas, mesmo assim,
venho hoje deixar-te um singelo abraço Amigo repleto dos maiores desejos de uma quadra festiva feliz para ti e demais entes queridos e um Ano Novo repleto de Felicidade, muita Luz Paz e Amor.

Até já,
Maria Faia

Zé Povinho disse...

O Natal sempre foi para mim uma data em que a família se junta, come, bebe, conversa e se dão uns mimos às crianças, essas sim, ainda com alguma fantasia nos olhares. Penso nos muitos que não têm esta mesma felicidade, e para quem o Natal não tem o mesmo significado. De dia feliz a um dia triste vai um passo, por vezes muito pequeno mesmo.
Abraço do Zé

De Amor e de Terra disse...

Minha querida Meg, boa noite!
Há muito que não te visito; perdoa!
Como sempre (nestes últimos tempos)atrasada para quase tudo, venho até cá, agradecer as tuas palavras, lá "em casa" e parto mais rica com o que aqui me (nos) dás.
Cada vez mais me quedo muda, pensativa, diante dum poema (ou da tentativa dele) de Natal...
Que a Paz esteja contigo e o Amor e a Luz te inundem.
Beijos

Maria Mamede

Meg disse...

Isabel,
A réstea de esperança que não morreu é o que resta...

Um Santo e Feliz Natal, e um Ano Novo com tudo o que mais desejares.
são os meus votos,

Com um beijo da Meg

Meg disse...

Peter,
Pois faço minhas as tuas palavras sobre estas Festas, sobre o nosso viver o Natal, nos dias de hoje...

E não te preocupes com os postais, eu já desisti... o ano passado serviu-me de emenda.

Um óptimo Natal, dentro do possível, e um 2009 que te traga muita saúde e a realização dos teus sonhos... livro incluído.

Um beijo de Boas Festas

Meg disse...

Maria Faia,
Muito obrigada pelas tuas palavras.
Para ti também umas Festas muito Felizes e um ano de 2009 com tudo o que mais desejares, para ti e para todos os teus.

Beijinhos de Bom Natal

Meg disse...

Amigo Zé,

De dia feliz a um dia triste vai um passo, por vezes muito pequeno mesmo.

É isso mesmo, Zé, em poucas palavras tanto disseste.

Um Natal Feliz, como deve ser esse de que desfrutas, verdadeiro.
Um novo ano melhor do que este que vamos deixar para trás e que não deixa saudades. Que ele te traga a concretização dos teus desejos.

Um beijo de Boas Festas!

Meg disse...

Querida Maria Mamede,
Muito obrigada pelas tuas palavras, que me deixam muito sensibilizada.
Para ti também, um Natal Feliz e um Ano Novo com tudo o que mais desejares, com muita saúde e muita paz.

Beijinhos de Boas Festas

anamarta disse...

Este ano também o meu Natal foi mais triste!
Mas, como me posso queixar? sabendo que existem no mundo tantas crianças que não têm nada?
Um Abraço