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7 de janeiro de 2009

Como uma espada fresca

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Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso. Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
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«««o»»»
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40 comentários:

Maria disse...

Não comento Pablo Neruda, porque nem capacidade tenho para isso.
Como todos os poemas dele, esté é belíssimo. Retenho os últimos versos "...nega-me o pão ........ mas nunca o teu riso, porque então morreria".
Isto, sim, é POESIA!

Obrigada, Meg.

Beijos, deste lado nosso

duarte disse...

belo...neruda...
.......................................!estou sem palavras............tenho de ouvir esse riso!
abraço do vale para Meg

Bípede Implume disse...

Gosto muito de Pablo Neruda e gosto desta mensagem. Gosto de sorrisos, de risos cristalinos, gosto de alegria. Faz bem à alma.
Beijinhos.

Anónimo disse...

meg:
o homem do chile é sempre importante.
um beijo.
romério

Isabel Filipe disse...

adoro este poema ...

foi bom relê-lo


beijinhos

Unknown disse...

Um belo poema.

Bom ano.

marinheiroaguadoce a navegar

Meg disse...

Maria,

Também temos de ver a vida por este lado... com verdadeira Poesia.

Beijos

Meg disse...

Duarte,

Pois também precisamos de risos cristalinos...

Um abraço para o vale

Meg disse...

Bipede Implume,

Isabel, a vida não pode ser só de lágrimas e tristezas.
E este poema de Neruda é uma lufada de ar fresco.

Beijos

Meg disse...

Romério,

Se é importante, meu caro amigo!

Beijo

Meg disse...

Isabel,

Então estamos em sintonia...

Beijo

Meg disse...

Marco,

Que bom voltar a ver-te por aqui!
Não voltes a desaparecer...

Um abraço

Papoila disse...

Querida Meg:
Adoro Pablo Neruda e este é sem dúvida um dos seus mais belos poemas.
Beijos

Agulheta disse...

Meg! Poeta grande,com palavras grandes e nem temos argumentos para dizer o contrário,assim é Pablo Neruda,este poema é muito lindo,entranha em nós as palavras,adorei.

Beijinho pela visita e amizade que tenho por ti mesmo sendo virtual.

Lisa

Carminda Pinho disse...

Meg,
li, reli, e vou daqui mais alegre. Rir faz bem à saúde, e é cura de muitos males.
Ainda bem que publicaste este lindo poema de Neruda.

Beijos

Anónimo disse...

Lindo, como tudo o que ele escreveu, como ele deve ter sido. Bom 2009 para ti, com risos e sorrisos.

Beijo

Mar Arável disse...

Pablo Neruda

sempre

Meg disse...

Papoila,

Às vezes chega a ser difícil escolher... Neruda é assim.

Um beijo

Meg disse...

Agulheta,

Lisa, Neruda é um poeta de excepção.
Obrigada pelas tuas palavras.

Um beijo

Meg disse...

Carminda,

Também precisamos de risos, que a vida já tem bastantes lágrimas.

Espero que estejas melhor.

Beijinhos

Meg disse...

Metamorfose,

Gosto de te ver de volta.
Um bom 2009 para ti também, e que ele te traga tudo o que mais desejares.

Um abraço

Meg disse...

Mar Arável,

Neruda nunca é demais, é verdade!

Um abraço

Zé Povinho disse...

Se a poesia nos aquece a alma, o sorriso ou até o riso de quem queremos bem é um bálsamo que nos faz gostar da vida.
Abraço do Zé

Amaral disse...

Meg
Bela escolha este poema. Bom fim-de-semana.
Abraço

Pata Negra disse...

Podia ter dito apenas:
rir ainda é o melhor remédio!
Mas está bem, como se tratava de uma amada, tinha que estender as palavras como que espalha pepsodent pela escova.
Um abraço e que não se entenda que Neruda não é meu

Filoxera disse...

Maravilhoso amor!
Beijos.

Meg disse...

Zé,

E se cada vez mais precisamos destes bálsamos!

Um abraço

Meg disse...

Pata Negra,

Claro que sei que Neruda é teu!
E rir também é o melhor remédio.

Um abraço

Meg disse...

Amaral,

Obrigada. Bom fim de semana para si também.

Um abraço

Meg disse...

Filoxera,

É maravilhoso o amor, sim. Neruda também o define assim.

Beijos

Conceição Bernardino disse...

Um poema que marcará a nossa história ... o nosso querido Pablo Neruda.

Obrigada por partilhar.

Beijo

SILÊNCIO CULPADO disse...

Meg

Neruda é o poeta da minha paixão. Aqueles versos que trauteio nos momentos tristes.
E Neruda sabia cantar o amor como ninguém. Este poema é disso exemplo.
O fecho do poema é fabuloso.

Abraço

Meg disse...

Conceição Bernardino

Os poemas de Neruda têm também essa particularidade. Ele é genial.

Um abraço

Meg disse...

Silêncio Culpado

Lídia, também precisamos desta poesia, e de sorrisos francos, para amenizar o nosso viver.

Um abraço

Moacy Cirne disse...

Há um tempo para morrer.
Há um tempo para a poesia.
Há um tempo para a magia.
Há um tempo para viver.

Há um tempo para Resnais.
Há um tempo para Neruda.

Há um tempo para beijar.
O mesmo tempo para cheirar.

zef disse...

Meg, gosto do poema. Sobretudo porque é a terceira estrofe que, "como uma espada fresca", me deixa mais a pensar! Tenho o domingo todo para isso.
Um abraço

vieira calado disse...

Olá, amiga!

Um belo poema, sem dúvida!

Mal se começa a ler, sem saber ainda de quem é, logo se vê que é de quem sabe da poda.

Bom fim de semana.

Bjs

Meg disse...

Meu caro Moacy,

Há um tempo para... quase tudo.

Obrigada pelo poema.

Um beijo, um cheiro e até breve!

Meg disse...

Zef,

Espero que chegues a uma conclusão, meu caro, que o poema merece.

Um abraço

Meg disse...

Amigo Vieira Calado,

Um poema de quem sabe da poda... Neruda a fazer-nos sorrir com a alma.

Um abraço