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Um poema de Mia Couto e
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imagens da ilha de Ibo... para sonhar no fim de semana
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Ilha de Ibo
Pequena borboleta
com asas de corais vermelhos
a nossa ilha
não foi criada para cela
onde morrem os meus irmãos
o nosso mar
não foi feito para grades
onde se ensombram os olhos,
os olhos negros dos meus irmãos. (...)
—assim me contaram
os que sobreviveram.
E enquanto os olhos dos peixes
guardavam a luz e levavam
o dia para o fundo do mar
as mãos assassinas dos carrascos
vasculhavam segredos
rasgando na carne dos prisioneiros
a incurável ferida de serem homens,
companheiros firmes e leais.
Dizem ainda que eram os pescadores
que remando entre a fome
e a ilha da fortaleza
traziam a lua perto das marimbas
cujo canto se espalhava
sobre as ondas inquietas
e sossegava o peito cansado
dos meus irmãos.
Mas os carrascos não sabiam
(talvez porque fossem
ainda mais prisioneiros que os meus irmãos)
que uma fortaleza
cheia de crimes incontáveis
pesa demasiado
para uma pequena borboleta vermelha
com asas de corais vermelhos
e a ilha-prisão submergiu
levando consigo
um tempo manchado de sangue
de sangue dos meus irmãos.
Mia Couto.
«««««o»»»»»
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Fotos de "Pelo leste do sul de África"
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44 comentários:
Seria um excelente fim de semana visitar a ilha de Ibo.
Lindo e forte poema da Noémia de Sousa.
José de Pádua e as suas imagens tão bonitas.
Faz bem à alma passear por aqui.
Beijinhos e bom fim de semana.
meg:
belo poema do mia couto.
deixo meu abraço aos amigos daqui.
um beijo.
romério
A beleza será sempre tema para a poesia, ainda que polvilhada pelas memórias. O homem tem sempre o dom de estragar quase tudo o que toca, mas a natureza resiste, regenera-se.
Abraço do Zé
Desta vez a poesia passou pela paisagem sem a estragar! Não raras vezes os poetas a poluem com palavras obtusas e olhos de avião.
Não é para perceber.
Um abraço despercebido
Esta ilha é frente a Porto Amélia?
O inesquecível Mia Couto.
De António Ramos Rosa, o meu poeta preferido:
"A mão silenciosa percorre o dorso cálido
que é um adormecer contínuo nos limites.
Nada mais que terra e solidão solar.
Nada treme e tudo está suspenso no vazio.
Nada se diz.É o silêncio da palavra"
Perdi-me a ver as fotos.
Perdi as palavras do Mia. Vou lê-lo outra vez. Ele é simplesmente fantásticos em tudo o que escreve.
Obrigada, Meg.
Beijinhos
Bipede Implume,
É para aqui que apetece fugir, quando penso na realidade amarga dos nossos dias.
Um abraço
Querido Romério,
Sei que também gostas de Mia Couto... isso me deixa feliz.
Espero que os teus e nossos amigos, tomem conhecimemto deste abraço que lhes deixas, por isso este destaque.
Um beijo para você
Amigo Zé,
É verdade, só a natureza resiste aos atentados provocados pelo homem, precisamente porque se regenera.
Um abraço
Caro Pata-Negra.
Vejo que gostaste das paisagens, para além do poema.
Um abraço amigo
Peter,
Pemba, é hoje a antiga Porto Amélia, onde fica a ilha do Ibo.
Tens razão.
Também gosto muito de Ramos Rosa.
Um abraço
Maria,
Também me perco nas imagens... e as saudades dos cheiros, de tudo...
Um abraço
Pelo visto, Mia Couto não é apenas um ótimo ficcionista... Beijos. Cheiros. Queijos.
Meg
Parabéns. Lindas as imagens a fazerem-nos sonhar férias paradisíacas.
O poema? Fabuloso.
Boa semana
Abraço
Amigo Moacy,
É verdade, Mia Couto não é só um ficcionista, ou romancista, mas um poeta também.
Retribuo com carinho os beijos, cheiros e queijos...
Um abraço
Amigo Amaral,
Tempos que já lá vão... mas como é bom recordar a tranquilidade nestas imagens!
O poema é do Mia e está tudo dito.
Um abraço
Que lindo teu blog Adar com um texto maravilhoso. muito boas, mo' gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito.
não conhecia, meg!
e gostei muito de ler, obrigada.
um beijo
luísa
Meg. Lindo e excelente o poema aqui postado.
Beijinho de amizade
Poema pesado, com fotos de uma beleza rara.
Aquelas águas, aquelas acácias rubras...!
Beijos.
Naturline,
Obrigada pelas palavras
Cumps
Pin Gente
Fico feliz por ter gostado.
Boa semana
Um abraço
Lisa,
Como tudo o que Mia Couto escreve, este é também um belo poema... embora de certo modo triste.
Boa semana para ti
Um abraço
Filoxera,
O poema é pesado e é triste mas como vês Ibo é lindo, daí a razão do poema.
Boa semana e um abraço
Belo... e belo!
Cumprimentos
Belas imagens com um lindo poema
Saudações amigas
Lindíssimas, as fotografias. Sentido, o poema que não conhecia.
Também não sabia que na ilha de Ibo (tão importante para Portugal controlar a rota do Cabo) alguma vez tivesse havido uma prisão. Sabia da fortaleza, com motivos de defesa e, provavelmente, lá haveria ajuntamento de escravos. Da prisão é que não ouvira falar.
Todos os lugares são belos de mais para que lá se ergam prisões.
Um abraço
O Ibo é um local belissimo ... dos mais belos de Moçambique ...
bjs
Amigo Vieira Calado,
Obrigada pela visita e por ter gostado.
Um abraço
Amigo Valente,
Obrigada pelas palavras...e ainda bem que gostou do poema,
Um abraço
Cara MPS
Como é que aquele paraíso tem um passado tão trágico?
O poema é bem explícito.
Um abraço
Isabel,
Dá saudades e vontade de lá voltar.
Viagemos virtualmente, então!
Um abraço
Meg,
como deves ter percebido, já por aqui tinha passado...
As paisagens, são notáveis.
As palavras, límpidas, verdadeiras e completamente perceptíveis de Mia Couto, deixam-me sempre sempre assim...sem palavras para comentar.
Gosto muito do Mia, tu sabes.
Beijos
um duplo sonho...as imagens de encantar e as sempre belas palavras de Mia Couto
beijos amigos
Carminda
Como vês, não é preciso ter ido a África para a sentir nestas imagens de saudade.
E Mia é o Mia.
Um abraço
Carla,
São imagens de memórias longínquas.
E as palavras sempre certas de um grande autor.
Um abraço
O Mia é assim mesmo : um eterno criador ! Ao Mia não agrada o usual, o comum, daí que vai sempre criando e recriando, mesmo alí onde o comum faz moradia. Em “Venenos de Deus, Remédios do Diabo” (oportunamente postado aqui há algum tempo) surpreende-nos no interessante diálogo: “Oh, Doutor, o senhor sofre mesmo de poesias…”! Esta de sofrer de poesias é um mui belo rasgo criativo.
E agora neste poema fala-nos (de entre outras coisas) na “incurável ferida de serem homens”!
O Mia é mesmo assim: um eterno criador e recriador!
asas
clamando
Liberdade
Meu caro Décio,
É essa forma de escrita que eu gosto em Mia, nas palavras que inventa, nas imagens poéticas que nos dá. Por isso não estranhe encontrá-lo aqui com uma certa assiduidade. Acho que todos gostam.
Um abraço
Caro Lupussignatus,
É incrível como um lugar tão belo já foi uma verdadeira prisão.
Felizmente esses tempos já passaram.
Um abraço
OLÁ MEG
MOÇAMBIQUE É O VERDADEIRO PARAÍSO NA TERRA.
Muito obrigado pela partilha de mais um precioso trabalho de escrita de Mia Couto.
Convido-te a vires comigo até ao Porto, visitar um dos ex-libris da cidade Invicta.
Recebe pétalas de tulipa impregnadas de abraços.
Tulipa,
Moçambique era, e espero que continue a ser um paraíso. Porque a natureza se regenera.
E o Mia é o Mia... sempre.
Um abraço
Verdadeiramente lindo, e simples. E a música ajuda.Sabem bem vir aqui.
errata: sabe bemvir aqui!
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