Edward Hopper, Solitude
Nos mercados da solidão, sobem
de preço os barris: mas podemos comprá-la
ao desbarato, ao sair de casa, sem conhecer
ninguém.
Nos centros comerciais, a melancolia
vende-se em sacos de plástico, que se acumulam
nos carrinhos das compras, e se arrumam
nos frigoríficos da alma.
Nas bolsas, sobem as cotações
do desespero; mas quem o quiser comprar,
encontra sempre um accionista compreensivo
para o oferecer a preço de saldo.
E quem quiser um amor de empréstimo,
só tem de esperar que os juros desçam, e
pô-lo a render no banco da esquina, onde
a vida é mais barata.
Nuno Júdice
.
32 comentários:
Belo poema de Nuno Júdice e com grandes verdades actuais.
Gosto muito de N. Júdice também como pessoa.
Beijinho
Nua e crua
esta realidade
Bj
.
:)
Sempre admirável, exacto, cirúrgico, Nuno Júdice.
Há uma bela canção ligada, no You Tube a esse quadro de Edward Hopper, de que há várias interpretações desde os anos 30, incluindo Tony Bennett, Sting e Diana Krall :))
Vê aqui.
Meg.Belo poema de Nuno Judice,tão real neste mundo apressado e sem nexo,onde os valores se vendem a cada esquina da rua.
É sempre um gosto a escrita, e presença no meu espaço.
Beijinho e o melhor para ti.
Lisa
Meg
Tão verdadeiro e lúcido… instantâneos de todos nós, feitos poema. Um trabalho extraordinário de Nuno Júdice.
Mais uma excelente divulgação tua.
Num mundo cada vez mais materialista já quase tudo se compra e se vende. A verdade, essa não tem preço mas rareia.
Cumps
Bem conseguido e imaginado este poema de Nuno Júdice. Pano para manga para muita reflexão.
Meg: envias-me as tuas coordenadas postais?
deciomateus@yahoo.com.
Obrigado.
Ai, ai... Sem palavras, Meg. E esta imagem é de doer. Beijos, querida.
Ana,
São tristes as verdades actuais, sim... e tão bem descritas neste poema de NJ.
Beijo
Mar Arável,
É isso mesmo, meu amigo... tristemente!
Beijos
Caro Vasco,
Somos ambos uns incondicionais de N.Júdice, e pelos mesmos motivos.
Fui tentar ver o vídeo que sugeriste e - que pena! - já não o encontrei.
Se souberes de outra alternativa...
Um abraço
Lisa,
Tens de pôr um título nos teus posts, para ver de ele aparece actualizado na minha lista de blogs... o Mar em Chamas perde-se cá para o fundo. Foi uma ideia que tive.
Um beijinho para ti
Maria João,
Há poetas que me atreveria a publicar todos os dias... Nuno Júdice é um deles.
Porque retrata nos seus poemas muito do que sinto, roubo-lhe as palavras... para vós.
Beijinho
Guardião,
Qualquer dia nem com uma candeia acesa se encontra uma verdade.
Novos tempos, meu amigo!
Um abraço
Décio, meu amigo,
É mesmo um bom tema para reflexão, nos dias que atravessamos.
Um poeta que vale a pena conhecer.
Um abraço
Décio,
Mas vou mandar mesmo!
Por email.
Um abraço
Nydia,
Achei que esta tela do Ed.Hopper exprimia o espírito do poema.
Fico feliz por teres gostado.
Sobre N.J., é de ficar sem palavras, mesmo!
Beijinho, Nydia
A solidão é dolorosa , por vezes, sim.
Mas a solidão acompanhada é muito pior!
Um abraço, linda.
Wall Street inveja.
Gostei mesmo!
Olá! Muito trabalho de editatorial!!!
Também gosto da verdade nua e crua.
recalcitrante; obrigada pela visita depois de tanta ausência. Gosto sempre muito de aqui vir. Descansar e respirar fundo. Ab
Imagem perfeita e uma sociedade (des)feita que corre nos nossos dias... infeliz,mente!
Querida Meg
Tão actual. Sentimentos ao desbarato.Uma loucura estes novos tempos.
Bom fim de semana com muita paz.
Beijinhos.
Isabel
Ouve-a, aqui, a diana krall. Não percas:
the boulevard of broken dreams,
incluindo os solos,
soberbo!
São,
Solidão, só ou acompanhada, não a desejo a ninguém.
Nós somos, muitas vezes, sem o sabermos, a melhor companhia de nós próprios. EU sou.
Beijinho e bom fim de semana
Henrique,
Sei que é inveja da boa...
Obrigada, poeta!
Um beijo
Padeirinha,
Somos uns abençoados, os que ainda nos queixamos por excesso de trabalho. Como é bom isso!
Essa do "editatorial" deixa-me com a "pulga na orelha".
Gosto de saber dos amigos, padeirinha... eles fazem-me falta - os verdadeiros, claro!
Um abraço
Um abraço
Sofá Amarelo,
Imagem triste, não é?
Mas, infelizmente real.
Bom fim de semana.
Um beijo
Isabel,
Tens razão, estes novos tempos não nos trouxeram nada de bom.
É de loucos, mesmo.
Um bom fimde semana para ti.
Beijos
Vasco,
Já andava a "cuscar", mas facilitaste-me a tarefa.
Guardei o vídeo, é simplesmente fabuloso. TUDO!
Obrigada, meu amigo.
Beijo
Como sentimos esse poema nos dia de hoje, realidade que chega a rasgar a alma
beijinhos
Meg
Excelente escolha que nos atinge como um soco. Todos nós produtos esteriotipados duma sociedade consumista e alienada.
Solidão, amarga companheira de quem se distanciou das coisas simples.
Abraço
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