Uma descoberta recente e... surpreendente...
Espero que gostem...
[clique na imagem para aumentar]
Perfis decadentes
Através dos vitrais
ia a luz a espreguiçar-se
em listas faiscantes,
sob as sedas orientais
de cores luxuriantes!
Sons ritmados dolentes,
num sensualismo intenso,
vibram misticismos decadentes
por entre nuvens de incenso.
Longos, esguios, estáticos,
entre as ondas vermelhas do cetim,
dois corpos esculpidos em marfim
soergueram-se nostálgicos,
sonâmbulos e enigmáticos...
Os seus perfis esfingicos,
e cálidos
estremeceram
na ânsia duma beleza pressentida,
dolorosamente pálidos!
Fitaram-se as bocas sensuais!
Os corpos subtilizados,
femininos,
entre mil cintilações
irreais,
enlaçaram-se
nos braços longos e finos!
..........
E morderam-se as bocas abrasadas,
em contorções de fúria, ensanguentadas!
..........
Foi um beijo doloroso,
Foi um beijo doloroso,
a estrebuchar agonias,
nevrótico ansioso,
em estranhas epilepsias!
..........
Sedas esgarçadas,
dispersão de sons,
arco-iris de rendas
irisando tons...
..........
E ficou no ara vibrar
a estertorar,
encandescido,
um grito dolorido.
Judith Teixeira
Novembro - Hora das Visões
1922
31 comentários:
Intemporal
...subtilizados??! Os corpos femininos?
- São lésbicas!!! Tornai Satanás!!!
A poesia não pode compactuar com estas aberrações da natureza!
... e no entanto respeito tanto a ternura de duas mulheres entre cetins!
Um abraço de filho de mulher
Mas porque não nos despimos de preconceitos?
Um abraço
A coragem abraçando a liberdade.
enlaçe...
belo.
mais uma leitura profícua.
abraço do vale
Mdsol,
Obrigada pela visita.
Beijinho
Mar Arável,
Intemporal ma, como podes verificar, pouco apreciada... o que até se entende.
Um abraço
Pata Negra,
Obrigada pela tua presença neste post que adivinho incómodo.
Obrigada pelas tuas palavras...sempre queridas.
Um grande abraço
São,
Como te dou razão... pois!
É que, sinceramente, pensei que Judith Teixeira suscitasse mais interesse.
Beijinho para ti
Meu caro Cid,
E a coragem continua a ser penalizada, como podes ver...
Um abraço
Duarte,
Fico feliz por teres gostado.
Um abraço
Tu, que buscas?!
Encontras a resposta em poesia mal-dita e tão de todos nós.
Bj
Pouco conhecida como outras mulheres que escreveram e ficaram o pó dos livros. Incómodo escrever assim, especialmente, naquela época. Ainda bem que te apeteceu uma poesia diferente!
Beijinho
Não conhecia a autora, mas suspeito que na época não terá tido muito sucesso com este tipo de poesia.
Cumps
meg:
gostei.
um beijo.
romério
Diferente e lindo, boa escolha
beijitos
Bom conhecer!
Meg
O erotismo na poesia, nem sempre foi um assunto fácil quando a mão que escrevia tinha na alma um corpo de mulher.
Diferente... belo e especial, como " um beijo a estrebuchar agonias"
Obrigada, Judith Teixeira... a reter!
Desconhecia: gostei bastante. Bom fim de semana!
Prezada Meg,
A sutileza na seleção das entradas mostram uma personalidade de extremada inteligência.
Condição pela qual coloquei-me como seguidor.
Meu coração de escritor pede permissão para deixar-lhe convite para visitar-nos e ser parte de nosso grupo de amigos.
http://www.llealenglishcourse.blogspot.com
Parabéns pelo Blog
LLEAL
Bettips,
Na busca me consumo... com prazer, minha amiga.
Agora foi uma poeta praticamente desconhecida, com uma coragem inimaginável para a época.
Marginalizada, esquecida e aqui recordada.
Beijinho para ti
Ana,
Desconhecia a autora e foi com muita surpresa que li a sua biografia. SÓ pretendi partilhar esta descoberta.
Beijo
Guardião,
Não teve vida fáicil, não!
Mas enfrentou corajosamente os preconceitos da época. Mas foi vencida e esquecida.
Um abraço
Romério,
Muito obrigada, meu Poeta.
Beijo
Multiolhares,
Sabes que gostaste faz-me muito faliz, Luna!
Beijinho
Bar do Bardo,
Ter-te aqui é um prazer e uma honra. Se gostares, tanto melhor.
Beijo
Maria João,
E saber que estes poemas foram escritos há um século... por uma mulher, é quase inacreditável.
Beijos
Padeirinha,
Fico feliz por teres gostado.
Bom fim de semana para ti também.
Beijinho
LLeal,
Muito bem vindo a este espaço e desde já agradeço as bonitas palavras com que brindou este blog.
Espero que se sinta bem por cá, é um blog de amigos.
Logo que possível terei o maior gosto em visitar o blog que indica.
Um abraço e bom fim de semana.
Desconhecia a poetisa e a obra.
O poema é extraordinário.
(Se bem me lembro, sem ser injusto para ninguém, a última vez que vi uma poetisa a criar brado com a sua obra, tal era a inovação, foi Adília Lopes.
Duarante a primeira fase do Sec. XX, houve muitos autores que espantaram.
Nos dias que correm dar notoriedade às obras já ocorre de outra maneira.)
Saudações
Infelismente o preconceito é cego e ainda o grito de querer ser um Ser Pleno continua dorido!
Muita coragem da autora,na assunção de uma poesia contestatária, rebelde, liberta e tão pertinente!
Beijo Meg
Enviar um comentário