Que adianta dizer-se que é um país de sacanas? Todos o são, mesmo os melhores, às suas horas E todos estão contentes de se saberem sacanas. Não há mesmo melhor do que uma sacanice Para fazer funcionar fraternamente A humidade da próstata ou das glândulas lacrimais, Para além da rivalidade, invejas e mesquinharias Em que tanto se dividem e afinal se irmanam. Dizer-se que é de heróis e santos o país, E ver se se convertem e puxam para cima as calças? Para quê, se toda a gente sabe que só asnos, Ingênuos e sacaneados é que foram disso? Não, o melhor seria agüentar, fazendo que se ignora. Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice, Porque no país dos sacanas, ninguém pode entender Que a nobreza, a dignidade, a independência, a Justiça, a bondade, etc., etc., sejam Outra coisa que não patifaria de sacanas refinados A um ponto que os mais não capazes de atingir. No país dos sacanas, ser sacana e meio? Não, que toda a gente já é pelo menos dois. Como ser-se então neste país? Não ser-se? Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia. Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma. Jorge de Sena
“40 Anos de Servidão”
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42 comentários:
Os governantes do meu país além de ser sacanas também são cruéis!
Bjs linda
Gê
Pois é... tão certo este Jorge de Sena.
A diferença está em sermos diferentes, exactamente diferentes dos sacanas que pululam neste país. E alguns ainda andam encapotados :)))
Abraço, Meg, sempre solidário
Também aqui no Brasil, são muitos e muitos os sacanas, a começar por aqueles movidos pela ideologia da esperteza.
Um beijo.
Meg!Nada melhor que nas palavras de Jorge de Sena,para se encaixar a tantas situações actuais,é uma vergonha triste e descarada,de tantos colarinhos brancos que tiram a pele aos pobres,e a quem trabalha,e depois aperta o cinto ZÉ.
Beijinho amigo Lisa
Mas este não é um País de sacanas, Meg. É antes um País onde na classe política e não só, existem muitos sacanas.
Felizmente depois, há gente boa. A maioria...:)
Beijos
Chá das Cinco
Gemária,
A crueldade pode ser exercida de várias formas... e eles, os sacanas desse lado e os de cá, são feitos da mesma massa, minha amiga.
Gostei de te rever.
Uma boa semana
Beijo
Maria,
E não são só os políticos, Muitas vezes estão ao nosso lado, as vítimas mais a jeito...
E a impunidade aliada a minha quase nenhuma fé na Justiça, só os fazem tirar proveito das grandes vigarices qur praticam.
Hoje estou assi, Maria, cada vez mais deste lado.
Beijo para ti, sabes donde.
Caro Moacy,
Você agora disse bem... aqueles movidos pela ideologia da esperteza - aqui se diz "esperteza saloia".
É meu caro, e essa ideologia está a alastrar-se a toda a sociedade, às vezes está mesmo ao nosso lado...
Um cheiro procê
Agulheta,
Infelizmente tens toda a razão, Lisa!
Estamos rodeados por uma corja de aproveitadores, que à sombra de uma Justiça que não funciona, agem na maior impunidade.
Um beijo para ti
Carminda,
Pois, mas a mim calhou-me um vigarista dos grandes... protegido por um dos maiores tubarões cá do sítio (País).
E a JUstiça? Era verde...
Por isso estou ainda mais furiosa.
Depois falamos.
Beijinho para ti, pré-vv, ahahah!!!
bem vinda ao clube...
A mordacidade irónica de Jorge de Sena (um dos meus favoritos) diz tudo sobre sacanagem...
Claro que ele, com a liberdade poética que lhe é conferida, generaliza, mete tudo no mesmo saco.
Mas nós, calmamente, sabemos que AINDA há ALGUMAS pessoas que fogem a essa qualificação - exactamente aquelas que, como tu, "vão aos arames" quando se sentem vítimas de sacanice, ou como eu, que resolvem "dar um tempo" quando se sentem atingidas. (Em parte foi uma coisa do género que me fez ausentar-me 3 meses.) Precisava "arrefecer"...
Viver na sociedade actual não é nada fácil, é preciso muito "olho vivo".
Boa semana, querida.
Beijinhos
Mariazita
Olá, caríssima!
Ser ou não ser, eis a questão!
Mas eu ainda prefiro não ser
mesmo que não seja essa, a questão...
Beijinho
Olá
Acredito que aqui no Brasil as coisas estão um pouco pior =/
Abraços
Pois é Meg!
:))))
Meg
Como dizia Eça "vivemos num país de bananas, governado por sacanas". Lá teria (terá) a sua razão.
Boas férias
Mariazita,
Estou como diz o Brecht... enquanto as "sacanices" são aos outros, vamos refilando mas não fazemos nada. Agora, minha amiga, quando nos batem à porta, aí a coisa fia fino, e temos de ser radicais e não ter contemplações seja com quem for...
Ah... só quero dizer-te que não me estou a referir à net...
Um beijo para ti
Vieira Calado,
Gostei do trocadilho, valha-nos então o humor que, muitas vezes é uma grande ajuda.
Um abraço
Wagner Lopes,
Seja bem vindo, Wagner.
Eu sei, meu caro, estou a par.
Infelizmente.
Um abraço
Mdsol,
Por aqui, minha amiga?
Gostei de te ver de volta.
Pois é, digo eu também!
Beijinho
Amaral,
Imagina se o Eça fosse vivo... o que diria agora.
Ainda se tivéssemos bananas mesmo!
Mas de sacanas estamos bem servidos, meu caro!
Um abraço
Na verdade relativa de todas
as coisas
o ar que e respira
está quase irrespirável
Bjs
Parabéns! Excelente postagem na voz grande de um grande poeta. Nem vale a pena comentar... Por acaso em japones SAKANA é peixe. Mas estes sacanas já nao cheiram a peixe mas a matérias fecais de muitos anos, dizer que houve uma revolucao, há quantos anos?? Já perdi a memória... os sacanas, esses, continuam por cá, só mudaram de nome.
Bem adelante, vim visitar-te porque tenho um presente para ti editado na minha postagem de hoje: http://poesiangolana.blogspot.com/2009/11/e-novembro-novamente.html
Fica a parte textual:
Para a Meg, que tanto adora as acácias rubras em flor, está no tempo delas florirem ao longo das ruas e avenidas de Luanda, de Benguela... de Angola.
Naquela manhã do Sul
chovia Novembro
no falar do calendário
e os dedos dos dias todos
traziam búzios e ventos
a passar os teus braços
abertos a desejar os céus,
eram tempos incendiados
no soar místico das marimbas
disseminando a invocação
rubra das acácias ao sol
chorando pétalas
sangue de veludo
mágoas passadas
no construir hodierno
da paz ndele de voar
sobre acácias rubras
florindo Novembro
de permanentes açucenas.
Namibiano Ferreira
Bjs
Que tempos são estes, Meg?! Ou não será uma questão de tempo, mas de lugar? Mas eu ainda acredito que tanto ai, como aqui, ainda existam os não-sacanas. Precisamos acreditar nisso.
beijos, boa semana!
Isto é que me preocupa:
"No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois."
Mar Arável,
Irrespirável e mal-cheiroso, o ar que se respira, meu amigo.
Pudera, é só lixo, tanta sucata!
Um abraço
Nami,
Tu deixas-me sem jeito com o teu carinho.
Estava mesmo a precisar deste "banho de acácias" ainda por cima ao som de uma belo poema...
Neste tempo de tantas sacanices, restam-nos as boas memórias!
Obrigada, Nami.
Um grande abraço para ti
Nydia,
Claro que há não-sacanas, minha querida! Aí como por cá, só que cada vez são menos...
Cada dia que passa saltam mais un quantos para a ribalta...tranquilamente.
É vê-los, todos inocentes e TRANQUILOS.
Até quando?
Um beijinho para ti
Peter,
Preocupa-te a ti e a mim.
Quando menos esperamos somos sacaneados pelas pessoas que consideramos mais insuspeitas... Dói, dói muito, e a revolta é quase incontrolável.
Façamos tudo para que não fiquem impunes... eu faço.
Um abraço
Vem muito a propósito no dia de hoje...também para mim!
Mas: o «banner» é magnífico e Jorge de Sena um dos poetas que mais admiro - e que o país de sacanas tratou tão mal...
Beijo
Sacanagem deve ser virtude porque quanto mais roubam e enganam mais tempo se mantêm na roda do poder.
Abraço do Zé
Olá Meg
Uma maravilha esta imagem que aqui tens!
quanto aos sacanas, nascem como cogumelos, e poucos de nós creio, não terá sido já sacaneado duma maneira ou de outra!
Um beijo para ti.
Ana,
Como te entendo!
Dias cinzentos também por aqui, e de raiva.
E Jorge de Sena sabia na pele, do país em que preferiu não viver nem morrer.
Beijo
Zé,
Estamos num país de virtuosos, meu caro!
Só faltava mesmo a opinião do Medina Carreira, esta noite.
Como sempre... arrasador. Um perfeito golpe de misericórdia.
Um abraço
Anamarta,
É verdade, eles reproduzem-se como ervas daninhas. E não há maneira de acabar com a praga.
Gostei de te ver...
Obrigada... também me apetece mergulhar naquele mar.
Um beijo para ti
Jorge de Sena teve que se exilar. Não o queriam cá. Anos mais tarde, quis voltar, mas a decepção foi tanta que voltou para os EUA.
Sofreu por estar longe, e sofreu por estar cá.
Tal como nós.
Que se passa com este País, minha amiga?
Um beijinho de muita amizade para ti.
Isabel
Olá minha querida Meg, bom dia.
Obrigada pela visita e palavras lá em casa.
Gosto MUITOOOO desta nova imagem; que beleza. Parece que estou à janela!
Quanto às sacanices, é verdade Amiga, infelizmente é verdade...mas como sou teimosamente sonhadora, continuo a sonhar com VERDADE, FRATERNIDADE,IGUALDADE e tantas outras coisas belas, como este mar e/ou uma noite de Agosto, cheiínha de estrelas. Mas conviver, forçosamente com desamor,ganância e falsidade, dói, lá isso dói!
Beijos
Maria Mamede
Isabe,
Quisera eu saber o que se passa neste pobre país!
A cada hora que passa é acrescentado mais um facto aos já conhecidos, numa espiral de pouca vergonha, de ganância, eu sei lá!
Mas o que mais me preocupa é a impunidade. E de repente lembro-me que o Miguel Esteves Cardoso dizia num livro que se os corruptos fossem presos, melhor seria fazer grades à volta do país.
E isto não foi dito agora.
Um beijinho
Querida Maria Mamede.
Quando coloquei esta imagem, não imaginei que tivesse tanto impacto.
É que senti isso exactamente: uma fanela aberta e o infinito à minha frente.
Nada melhor para nos alhearmos por uns momentos, do mundo poder em que vivemos.
E se isso dá prazer aos amigos, fico feliz.
Beijinho para ti
Actual, muito actual! na verdade, nada parece ter mudado, pois não? Olha, já conheces a nova modalidade olimpica? Chama-se Assalto à Vara!!!
Abraço
Spectrum,
Seja bem vindo a este espaço.
Já percebi que temos amigos comuns, embora não tenha memória de nos termos cruzado por aí.
Sobra a nova modalidade olímpica, fui à procura, mas encontrei um post de 20 de Outubro...
Não era uma sugestão para uma visita ao teu blog?
Espero voltar a ver-te por cá.
Um abraço
Para deixar um kandandu fraterno, Meg, com cheiro às acácias que o Namibiano muito bem poetisou para ti.
E escutar o desabafo do Jorge de Sena.
Caro Poeta,
Obrigada pela visita, Décio!
Obrigada por esse poético kandandu com cheiro de acácias, das nossas acácias.
Tu e o Nami, são meus "irmãos"...
Um abraço (kandandu) para ti
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