
eu faço poesia porque a vida não basta e preciso dividir mistérios. incertos, os marimbondos vazios me arrastam pela tarde. o mel da manhã,fel em mim, entope minhas veias. quando os solavancos da palavra vão redimir meu corpo? quanto de mim é fogo e terra? sobram o hiato das pontes,os rios degenerados. minha manhã dura só faz o recomeço das coisas. (para Renata)
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"o estado da manhã é uma ausência a impetrar as cores mais cruéis. a pútrida face do mundo, inexistência, revela estradas, musas e corcéis. tamanhas dores, machucado o corpo, somente nasce das cinzas ao invés. instantes tão medonhos jazem torpes, a revelar o mundo de través. soltos e matas, fuzis enigmáticos apertam balas sobre o santo pátrio e o que sobra é um sertão calado que feito mar, estreita sobre a terra o santo guerrilheiro, conselheiro, berra na forma eterna de um tufão armado." ( guerrilheiro, berra)
~~~ PER AUGUSTO & MACHINA
UMA POÉTICA IMPLACÁVEL Romério Rômulo se movimenta num universo de contrastes, em que a experiência vivida testa as realidades estabelecidas em favor de uma lucidez cada vez maior. Suas imagens inquirem as aparências em favor da essência do viver. Com a coragem dos que querem aquela lucidez, não trapaceia com a realidade. O esforço é para fazê-la emergir com uma contundência de aríete, augusto e máquina. Eis os polos do confronto e a procura deste livro surpreendente em sua dicção poética. Um corpo que sofre e uma alma que sonha um sonho em que nada permanece passivo – o que equivale a dizer sem interpretação e concreção em linguagem, território das transmutações. Como se o inconsciente se insurgisse e, chegando à flor da consciência, tentasse exibir “a matéria de que são feitos os sonhos” (Shakespeare). Desde o título, Per Augusto & Machina, o poeta des-capitaliza os vocábulos, quer rendê-los, observá-los e indagá-los sem mistificação, des-convencionando o arbitrário da língua. Por augusto e sua máquina, em favor de uma realidade mais real, em favor do homem-augusto, que assim grafado, adjetivado, nos remete a um ser humano restaurado à sua dignidade.Ler mais... Maria da Conceição Paranhos
Romério Rômulo nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP.
Prefaciou a primeira edição assinada das poesias eróticas de Bernardo Guimarães, “O Elixir do Pajé” (Dubolso, 1988), mais de 100 anos depois da edição original.
Já publicou diversos livros, como “Só pedras no caminho pedras pedras só pedras nada mais” (Lemi, BH, 1979), “Anjo Tardio” (Edição do Autor, Ouro Preto, 1983), “Bené para Flauta e Murilo” (Edições Dubolso, Sabará, 1990), a caixa “Tempo Quando” (contendo 4 livros em 2 volumes, Dubolso, 1996)e Matéria Bruta” (Altana, SP, 2006).
Seu último livro é "Per Augusto e Machina" (Altana, SP, 2009).
Actualmente, prepara um livro de poemas sobre o amor.
ROMÉRIO RÓMULO AGRADECE AOS AMIGOS meg:
deixo aqui o meu grande abraço a todos os que leram os meus poemas e, em especial, deixaram comentários. tenho a maior satisfação em estar neste espaço. um beijo.