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Discurso no Parlamento
Um dia, encho-me de coragem
E vou mesmo discursar no parlamento
Confesso que fiz juramento
De ir a pé até lá
De entrar naquela sala,
Para discursar a minha mensagem
Um dia, apareço nas câmaras da televisão
Verdade mesmo, não é ilusão
Apareço com o meu rosto maltratado
Com o meu rosto de drogado
Para pedir um ponto de ordem
Aos senhores deputados,
Eu mesmo que vivo do outro lado da margem
Já sei que vão olhar com indignação
Para os meus pés descalços
Para os meus calções rotos
E para os meus magritos braços
Já consigo imaginar os vosso rostos
De indignação e estupefacção
Mas mesmo assim eu vou mesmo discursar
Em plena assembleia nacional
Assim mesmo, com este meu visual
De menino de rua votado ao abandono
De menino de rua cão sem dono
Eu vou à assembleia nacional falar
Assim mesmo, sem convite
E sem ser chamado
Eu, que não sei falar português de escola
Vou entrar naquela sala
Para falar com os senhores deputados
Eu vou lá sem convite, acredite!
E antes de me porem andar à paulada
Antes de me mandarem calar à porrada
Vou rasgar o meu peito
Para vocês escutarem o grito
De tanto sofrimento vivido
De tanto sofrimento bebido
E enquanto estiver a ser arrastado
Para fora da assembleia nacional
Eu, menino de rua cão sem dono e drogado
Eu, menino de rua marginal
Ainda terei coragem
Ainda serei capaz
De trovejar a minha mensagem:
POR FAVOR, PÃO, TECTO E PAZ!
Não levem a mal
Mas eu vou mesmo discursar em plena assembleia nacional!
Décio Bettencourt Mateus
in "A Fúria do Mar"
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48 comentários:
Sou capaz de subscrever.
O cansaço apoderou-se de mim, hoje. Mas é um cansaço bom, de dever cumprido...
Beijo, Meg, deste lado nosso
Adorei.
Beijos.
A Amizade é...
O mais nobre dos sentimentos,
Cresce à sombra do desinteresse,
Nutre-se brindando-se e floresce
a cada dia com a compreensão.
Seu lugar está junto ao amor
Porque ela é também amor.
Somente os honestos podem
ter amigos, porque à amizade,
o mais leve dos cálculos a fere.
Como é um bem reservado aos
eleitos, é o sentimento mais
incompreendido e o pior interpretado.
Não admite sombras nem fingimentos,
rusticidade nem renúncias.
Exige no entanto sacrifício e coragem,
compreensão e verdade,
VERDADE! acima de todas as coisas.
Com as pequenas coisas
do dia a dia
cresce nossa amizade.
Desejo que sempre seja assim.
(Desconhecido)
Te desejo um final de semana com muitos amigos,amor e paz
Abraços do amigo Eduardo Poisl
Um belo poema, um enorme grito de revolta, uma chamada de atenção para tudo que está mal neste país, e a que os "senhores" da Assembleia Nacional fazem ouvidos moucos.
Gostei imenso.
Não conhecia.Obrigada por mo teres dado a conhecer.
Bom domingo (com pouco trabalho...)
Um beijo
Mariazita
José Pádua, um conterrâneo. Sobre
Décio Bettencourt Mateus registo a curiosidade de ter passado ontem por aqui (http://sanzalita.multiply.com/reviews/item/179).
Abraço do Zé
Meg.Quantas vezes nos apetecia entrar,pela casa do povo(assembleia) e dizer o que vai na garganta?gosteido texto que muito tem de verdade
Beijinho fica bem
Olá!
Um belo e comovente post...adorei ;=)
Obrigada
Beijocas
MRG
É impressionante como se escreve tão bem. É um poema duma força que nos abala, que nos entra dentro porque esta voz não se cala e toda ela é sofrimento.
Quem pode ser indiferente?
Mas infelizmente há muita gente.
Abraço
E o gosto que eu teria de ouvir a voz do sofrimento a discursar... nesse lugar!
Haverá um dia...!
Muito expressivo o desenho de José Pádua!
beijo
e apeteceu-te muito bem, Meg.
abraço
Maria,
E foi uma boa jornada, eu sei.
E, já diz o povo, quem corre por gosto não cansa, Maria.
Um beijo deste lado
Filoxera,
Se gostaste, fico feliz.
Um beijo
UMA PÀGINA PARA DOIS
Mais um belo poema à Amizade, Eduardo.
Boa semana para você também
Um abraço
Mariazita,
Ontem como hoje, lá como cá, a revolta é a mesma, os sentimentos também.
Um beijo
Zé,
Décio é um poeta amigo também,que podes visitar no seu blog Mulembeira (nos meus links)
Pois encontraste um espaço que te vai dar muito prazer conhecer melhor. Por lá passo bastante do meu tempo.
Um abraço
Lisa,
São as revoltas que não se esgotam.
E um poema que diz bem do estado de espírito de quem se sente abandonado pelos "donos" deste mundo.
Um beijo, Lisa
Mjf,
Ainda bem que gostaste... é bem difícil ficar indiferente.
Um beijo
Silêncio Culpado,
Lídia,
Acabei de o escrever... é realmente ficar indiferente aos
apelos dos deserdados da sorte, dos abandonados e excluídos.
E são cada vez mais, Lídia.
Um abraço
Utopia das palavras,
Ausenda,
É o que teremos de fazer, entretanto vamos ficando por palavras, minha amiga.
Um beijo
Caro Luís,
Pelo menos isto ainda podemos fazer... reclamar, clamar por justiça.
E apetece tantas vezes!
Um abraço
E é um discurso que se impõe!
Para fazer frente à ganância e à insensibilidade dos senhores do trono!
Beijinhos
O Decio,
sempre tão bom ler as coisas que ele escreve.
Abrs.
Meg
E ainda bem que te apeteceu! Quantas vezes não me apetece entrar na AR e gritar bem alto a minha revolta pelas injustiças que esses senhores em nosso nome aprovam!!! Sim em nosso nome! não são eles os representantes do Povo?
Um beijo e uma boa semana para ti.
Ainda bem que te apeteceu, porque eu não conhecia o texto...
Para ti, feliz semana.
É um grito de revolta. Mais um, mas que nada resolve.
Será verdade que segundo a lei, se a percentagem de votos em BRANCO atingir um determinado nível,é obrigatório fazerem-se novas eleições, mas com novos candidatos?
É importante saber-se, isso já seria fazer algo de concreto.
Quanto ao poema, gostei imenso, é dos que eu gosto e tem uma força esmagadora.
Boa semana (como pode ser boa?).
Meg
Acho que nos falta a todos "enchemo-nos de coragem"...
Boa semana
Abraço
Vieira Calado,
E este discurso impõe-se cada vez mais, meu caro.
Um abraço
Fátima,
Ainda bem que gostas do Décio... um grande poeta.
Um abraço
Anamarta,
Eu já nem sei se eles são realmente representantes do povo ou dos seus próprios interesses.
Um beijo para ti
São,
E não é caso para apetecer, minha amiga? Quem pode ficar indiferente ao que se passa ao que nos rodeia?
Sei que estás comigo, São.
Um beijo
Peter,
Essa da percentagem dos votos em branco também eu gostava de saber.
É preciso investigar... se calhar não era má ideia.
Um abraço
Caro Amaral,
Usemos a coragem nos tempos que se aproximam...se formos capazes.
Um abraço
Quando não podemos ir à tal Assembleia, gritamos na rua até que nos oiçam, ou...nos prendam!
Abraços
Meg,
É sempre agradável desfilar em o "Recalcitrante". Bem, e pela segunda vez, muito mais ainda. Agradeço. Agradeço os visitantes. E pelos comentários.
Um kandandu (abraço)
Belo e invulgar este post.
Gostei o blog.
Beijinho
Querida Meg:
Aplaudo de pé esta tua magnífica escolha.
Beijos
Meg!
Que belo e indignado poema! Deveríamos, todos discurssar na Assembléia, talvez, assim, os "nobres" representantes do povo trabalhassem, um pouco!
Beijos!
Amigo Zef,
E não é o que temos andado a fazer...? A gritar?
Embora nem todos, diga-se em abono da verdade...
Abraços para ti também.
Caro Décio, meu amigo e Poeta,
É para mim um prazer poder publicar poemas teus... e este Discurso marcou-me muito.
E não foi só o meu caso, como vês.
Eu é que te estou grata, caro Décio.
Um kandandu para ti também
Sara,
Sê bem-vinda a este espaço... e obrigada pelas palavras gentis.
A porta está sempre aberta "a quem vier por bem".
Um abraço
Papoila,
Este foi um poema que me marcou, por isso o trouxe aqui de novo.
Continua a fazer sentido, minha amiga.
Um beijo
Paulo,
É um poema com muita força, meu caro! Mas se não podemos ir gritar à Assembleia, então gritemos na "rua"...
Um abraço
Isso era bom que eles lá (Assembleia) estivessem para nos ouvir. Aquilo está quase sempre vazio.
Mas do poema gostei muito.
Beijinhos.
E apeteceu-te muito bem, Meg.
Nunca é demis divulgar a poesia, e os poetas com quem nos identificamos, sobretudo se a mensagem vem tão a propósito, como esta.
Beijos
Isabel,
Eles estão lá para tratarem da vida deles, a nossa pouco lhes importa, pelo menos a grande maioria...
Um beijo
Carminda,
E este poema, infelizmente, continua a ser actual, apesar de ter sido escrito tendo em vista outro país, outro continente, mas as mesmas circunstância.
Como vês o mal continua.
Beijos
É caso para apetecer até ao triturar dos próprios dentes, sim.
Aquela delícia chamada Milady é tua? Mas que maravilha !!
Beijos, linda.
São,
Por quanto tempo ainda teremos de lutar com palavras como as deste poema!
Aquela não é a minha Milady... mas é quase um clone da minha.
Um beijo
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