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Tomando Chá, de Henrique Medina
Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume
No meu sangue vogavam levemente
anémonas estrelas barcarolas
O silêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas
Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda
Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol
Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume
No meu sangue vogavam levemente
anémonas estrelas barcarolas
O silêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas
Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda
Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol
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.António Ramos Rosa,
in "O teu rosto", 1994
in "O teu rosto", 1994
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«««o»»»
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50 comentários:
Cara Meg
Tenho andado tão distante...
Mas agora , vindo aqui, fui brindada com um poema de um dos meus poetas de eleição, num hino à mulher, aos sentidos e à vida.
Apesar de não apreciar especialmente Henrique Medina, tenho que reconhecer que a pintura foi muito bem escolhida.
Um abraço
MEG
António Ramos Rosa descreve, de forma deslumbrante, esse acordar dos sentidos, que é descoberta, que é intensidade e é totalidade.
Algo que só se consegue, de forma absoluta, quando se acredita e se tem sonhos, quando os olhos não olharam as formas desvirtuadas dos enganos.
Abraço
Meg.Eu adoro este poeta,fala e escreve com grande sensibilade e com os sentidos a flor da pele,como este poema.Quanto a foto maravilhosa.
Beijinho
Cara MPS,
Não anda distante quem está sempre presente na memória.
Estou consigo sobre Medina, mas a imagem tinha de ser "aquela".
Obrigada pelas suas palavras sobre o poema,
Um abraço amigo
Silêncio Culpado,
Lídia, é isso mesmo... o acordar dos sentidos, descrito com uma sensibilidade de assinalar, por um poeta que amo.
Um abraço
Lisa,
Pertences ao grupo dos incondicionais deste grande poeta.
Ainda bem que gostaste da imagem, tenho estado com dúvidas, é de um pintor que raramente utilizo.
Um abraço
seara
fulgurante
O amor é fantástico!
Beijo grande
olhos com alma,alma nas mãos
de quem por amor ama
sente vivendo cada palmo
de pele e de luz terna
a ternura da caricia
o tormento do prazer
assim sente o ser.
Adoro António Ramos Rosa.
Obrigada, Meg.
Beijinhos
(a imagem é indíssima!)
No meu sangue vogavam anémonas estrelas...
A mulher é uma previlegiada, na voz dos poetas...
Gostei tanto...
Beijos
PS: desculpa nunca falar nas imagens, mas sabes que gosto de todas...
Tens uma capacidade invulgar, para "casar" poema e imagem.
Adoro a poesia de António Ramos Rosa.
Tem poemas belíssimos. Este é um bom exemplo.
E este:
"Este homem que pensou
com uma pedra na mão
tranformá-la num pão
tranformá-la num beijo"... ?
A tela é lindíssima.
Duas escolhas de muito bom gosto.
Bom fim de semana, amiga.
Beijinhos
Mariazita
Oi,
sensibilidade
que faz do
erotismo
uma parta aberta
para a
"luminosa lua"
esplendoROSA
no corpo da mulher.
Beijos
Cheiros
Queijos.
pArta aberta?
Quis dizer apenas
pOrta aberta...
Beijos.
E rapaduras.
Lupussignatus
Obrigada pelo comentário, mas... searas?
Um abraço
Sei que existes,
Se gostaste fico feliz. E o amor é isso mesmo.
Um abraço
Duarte,
Obrigada pelo poema comentário. Pena não ter blog para lhe poder retribuir a visita. Apareça sempre.
Um abraço
Maria,
Como já deves ter reparado é também um dos meus poetas de eleição. Fico feliz por teres gostado do Medina.
Um abraço
Osátiro.
Benvindo a este espaço.
Obrigada pelo comentário.
Um abraço
Carminda,
Ramos Rosa tem esse condão de nos fazer especiais.
Não te preocupes com as imagens... eu sei que olhas.
Um abraço
Mariazita,
Também eu sou uma apreciadora de Ramos Rosa.
Obrigada pelo teu contributo ao post - o teu poema, pequeno mas belo.
Um abraço
Caro Moacy,
Mas grande sensibilidade mesmo, Ramos Rosa dá-nos, neste poema, a mulher em todo o seu esplendor.
Beijos, queijos e cheiros!
Caro Moacy,
ahahah... pOrta e não pArta, já tinha entendido a gralha, não precisava se preocupar.
Beijos
palavras de ler baixinho para nenhuma se perder na boca!!
encanto!!
teu beijão
querida amiga Meg
O amor bem "cantado" e aqui bem ilustrado. Ramos Rosa sabia usar as palavras com a delicadeza requerida pelo tema.
Cumps
Paradoxos
Eduardo, gostei da tua visita e da forma como entendeste o poema.
Obrigada.
Um abraço
Caro Guardião,
Delicadeza e sensibilidade são apanágios da linguagem poétiva de Ramos Rosa.
Ainda bem que gostaste!
Um abraço
meg:
gostei do poema e da tela.um abraço aos amigos daqui.
um beijo.
romério
Romério,
Como você é tão discreto eu me encarrego de transmitir suas mensagens aos nossos amigos.
Um beijo para você.
DESTAQUE PARA OS AMIGOS
romério rômulo disse...
meg:
[...]
um abraço aos amigos daqui.
um beijo.
romério
Um tema que tratado desta maneira se torna transcendente.
O quadro integra-se bem no poema.
Muita beleza e sensibilidade.
Grande abraço e bom fim de semana.
Que posso dizer?
É tudo tão lindo! O poema de Ramos Rosa, a foto e a música!
Que magnífica combinação!
Parabéns pelo blogue!
Valeu a pena!
Um belíssimo poema. Frágil, como a devoção amorosa.
Um abraço anarquista e Amigo
Isabel,
Mais uma vez obrigada pelas tuas paçavras de incentivo.
Um grande abraço
Verónica,
Julgo que é a primeira vez que nos faz uma visita.Seja benvinda.
Agradeço as palavras simpáticas e
espero voltar a recebê-la aqui.
Retribuirei a visita logo que possível.
Um abraço
Savonarola,
Jorge, já tinha saudades tuas como sabes. Obrigada pelo carinho das palavras.
Um abraço pró-AN
Conhecia a pintura, mas não o poema!...
Bonita combinação, de facto!...
abraços!
O quadro é Medina e tudo se diz.
Ramos Rosa não é dos meus preferidos.
Bom domingo.
Tinta Permanente,
Ainda bem que gostou, apesar de não conhecer o poema. Obrigada pelas suas palavras.
Um abraço
São,
Claro que de Medina não é preciso dizer nada. a sua pintura fala por si.
Quanto ao Ramos Rosa, claro que nem toda a gente gosta dos mesmos poetas... agradeço-lhe a frontalidade, é de amiga, assim o sinto.
Uma boa semana ara si e um abraço
Meg, muito obrigada pelo comentário deixado pela morte da minha Mãe. Voltarei aqui com mais sossego.
Meg. O meu carinho,pela visita e pela partilha do poeta,que gosto obrigada.
Beijinho
Lindo este poema que escolheste de um poeta que admiro bastante António Ramos Rosa.
Jinhos muitos
Meg
Belíssimo este poema. Poçémico q.b. como o seu autor.
Boa semana
Abraço
Luisa,
Não tens o que agradecer, estas são horas de muita solidariedade.
Um abraço
Lisa,
Sempre que o vosso gostar é assim sincero, fico muito feliz.
Um abraço
Maria Clarinda,
Como é bom sentir que chegamos ao coração de alguém! Obrigada.
Um abraço
Caro Amaral,
A polémica por vezes também dá cor à poesia...e é o que acontece com o Ramos Rosa.
Um abraço
Vou fazer um poema:
António
Ramos
Rosa
Rosa
Ramos
António
Porque a poesia é a arte dos Antónios quando os versos são ramos e as rosas palavras para que vos quero vou-me embora com ramos de abraços e rosas de beijos eu quase antónio ah meg que quase sou poeta
Meu caro Pata Negra,
E não é que és mesmo poeta! Versejando ou não, a tua alma é mesmo a de um poeta!
Amo os teus comentários cheios de humor e ... poesia.
Um grande abraço
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