
Filha de pais portugueses, veio viver para Portugal com apenas dez anos.
Colaborou com diversas publicações.
Publicou o seu primeiro livro de poemas, Nas coxas do tempo, em 1970.
Autora de algumas obras de ficção, desenvolveu intenso trabalho enquanto
tradutora de escritores tais como Borges, Octavio Paz, Tagore, John le Carré,
entre outros.
Em 1986 publicou Poe-Mas-Com-Sentidos, livro no qual colhemos o poema acima transcrito.Faleceu em 1998.
[in Insónia ].

delírio dor febre rio onde tinha as raízes
deste desencanto das coisas diariamente traindo-se
.
quando nem mesmo na água me distendia
(nem seria provavelmente pela ausência de janela
donde dependurar as mãos-apaziguamento)
ou seja quando nem mesmo o púbis à tona do banho
escavava na inércia uma presença de espuma.
e por que havia de? às vezes era o enfado
tão bastas vezes em dados tempos que:
os olhos longe a boca uma linha por cortar
os seios imóveis na concha do soutien o ventre
de duna achatando-se paulatinamente o umbigo
sentinela na guarida o sexo retomando por desfastio
memórias idas as coxas diapasão inútil entre lençóis
os tornozelos cianosados os miolos enfim no topo
da pirâmide como entulho. que paisagem esta assim?
delírio febre contusão e o sono abrindo-se tão alto
como a lua nesse crescendo dela consumindo-se
até que tudo não fosse mais que rasgão.
Wanda Ramos
[Poe-Mas Com-Sentidos]
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Poeta, ficcionista e tradutora portuguesa, natural de Angola.
Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa e fez uma pós-graduação em Ciências Documentais. Colaboradora de diversas publicações, entre as quais A Capital, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, Diário Popular,
Fenda, Loreto 13 e África. A sua estreia literária deu-se com o livro de poemas Nas Coxas do Tempo (1970), seguido por E Contudo Cantar Sempre (1979) e Poemas-com-Sentidos (1986), obras em que o tema central é o tempo. Este tema tem
prevalecido, também, ao longo da sua caminhada ficcional. O seu primeiro romance, Percursos (Do Luachimo ao Luena) (1981), galardoado com o prémio da Associação Portuguesa de Escritores, consagrou a autora como um dos nomes mais importantes da ficção portuguesa dos últimos anos. Construído a partir das suas memórias pessoais, recorda a sociedade colonial e dá a conhecer a sua visão da guerra colonial, sob um ponto de vista feminino. Publicou de seguida o romance As Incontáveis Vésperas (1983). Fez uma incursão pelo território do fantástico no livro de contos Os Dias Depois (1990) e regressou ao romance com Litoral (Ara Solis) (1991), obra com referências autobiográficas.
As Tormentas
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