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3 de novembro de 2010

Camões e a tença




Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
E aqueles que invocaste não te viram

Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência

Este país te mata lentamente


Sophia de Mello Breyner Andresen



22 comentários:

Maria disse...

Não sei comentar Sophia. Leio-a, mastigo-a, engulo-a. Poesia é para ser comida, mesmo!
Obrigada, Meg.

Beijinho.

Ana Tapadas disse...

Adoro Sophia!
bj

jrd disse...

'Sabedoria' de Sofia.
Abraço

Agulheta disse...

Sophia! A senhora poesia,que deixa na alma palavras profundas,as sentimos,em cada um de nós.Realmente este espaço é melhor que outras paragens,lá só para distrair,e não para escrever,ninguém sente nada de nada.
Beijinho e tudo de bom desejo

Pata Negra disse...

Estava a ler e pensava que estava a ler um camões, afinal era uma camona!
(Só tenho contra Sophia a sua descendência)
Um abraço em tempo de pouca poesia

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

Um dia Camões será Camões.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 04/11/2010

José Lopes disse...

Lentamente mas em movimento cada vez mais acelerado.
Cumps

Meg disse...

Maria,

No meio de tanta tragédia, não podemos deixar de dar atenção à mensagem que cada poema de Sophia nos deixa.
E eu sei que tu o sabes, Maria!

Um beijinho deste lado

Meg disse...

Ana,

Adoramos, Ana!
ADORAMOS!

Beijos

Meg disse...

Caro JRD

Temos de revisitar Sophia... cada vez mais.

Um abraço

Meg disse...

Lisa,

Muito obrigada pelas tuas palavras, sempre de grande carinho.
Sobre Sophia, é tal como dizes... faz-nos pensar!

Um beijo amigo

Meg disse...

Pata Negra,

Ainda não foi desta que desisti... a poesia afinal só me faz bem, principalmente a da Sophia, tão a propósito no contexto...
Quanto à descendência, meu querido amigo, nada a fazer, no melhor pano cai a nódoa... diz o povo.E o povo é sábio (nem sempre, mas enfim...)

Um abraço graaaaande

Meg disse...

Jorge,

A tua passagem por aqui é sempre um privilégio.

Um abraço

Meg disse...

Meu caro Guardião,

Com a ajuda dos amigos... vamos ver, vamos ver...mas não é fácil.

Um beijo

Mª João C.Martins disse...

A paciência que agora nos pedem, só cantada para espantar o que nos apoquenta...

Tão bem que escrevia Sophia...

Beijinho Meg

São disse...

Fizestes bem em lembrar a sempiterna ingratidão com que os grandes deste nosso país são (mal)tratados.

Se passares lá por casa, agradeço.

Um bom final de semana.

Bípede Implume disse...

Querida Meg
Textos e poemas que tu escolhes sempre com critério de qualidade.
Também amo de coração a Grande Sophia.
Gostaria de expressar assim com tanta beleza os (maus) momentos que atravessamos, mas era capaz de sair qualquer coisa como Gil Vicente... e, é mellhor não.
Bom fim de semana, amiga.
Tudo de bom para ti.
Beijinhos
Isabel

mdsol disse...

Sempre luminosa a Sophia. Até mesmo quando o assunto é bem terreno!

:))))

Meg disse...

São,
Nunca é demais, minha amiga.

Um beijo

Meg disse...

Isabel,

É sempre oportuno revisitar Sophia.
Ai, se ela soubesse como as suas palavras continuam a fazer sentido!

Beijinho

Meg disse...

Maria João,

Um dia deste já não basta cantar, minha amiga...

Um beijo

Meg disse...

Mdsol,

Terreno... até demais!

Beijo